O voo MH17 da Malaysia Airlines que caiu em julho de 2014 na Ucrânia foi derrubado por um míssil Buk de fabricação russa, disse o Conselho de Segurança Holandês nesta terça-feira (13) em seu relatório final sobre o acidente, que matou as 298 pessoas a bordo.
O longamente aguardado relatório não especifica quem lançou o míssil.
“O voo MH17 caiu em consequência do impacto de um míssil fora do avião, contra a parte esquerda da cabine do piloto”, declarou o diretor do Escritório de Segurança da Holanda (OVV), Tjibbe Joustra, durante coletiva de imprensa. “Este míssil corresponde ao tipo de mísseis instalados nos sistemas de mísseis terra-ar Buk.”
Segundo os investigadores, o governo de Kiev deveria ter fechado seu espaço aéreo sobre o leste da Ucrânia, cenário do conflito entre o exército e os rebeldes pró-russos, onde o avião caiu.
“Chegamos à conclusão de que havia motivos suficientes para que as autoridades ucranianas fechassem por precaução o espaço aéreo sobre o leste do país”, assegurou Joustra.
O relatório, que teve trechos antecipados pela imprensa local, inclui mapas do local da catástrofe, campos próximos à localidade ucraniana de Grabove, na região de Donetsk, área da queda dos destroços do avião.
A zona, controlada atualmente pelos rebeldes pró-Rússia, era cenário de combates entre as forças de Kiev e os separatistas em julho de 2014.
“Como resultado da detonação, a parte de dianteira do avião foi destroçada e o avião se partiu no ar”, acrescentou Joustra, ressaltando que o impacto do míssil provocou nesse momento a morte de três tripulantes.
O Conselho de Segurança descartou outras hipóteses como problemas técnicos do aparelho, uma bomba ou um míssil ar-ar.
Além disso, informou que os destroços do avião caíram em uma área de 15 quilômetros na zona leste da Ucrânia.
A análise do Conselho de Segurança da Holanda se limita a assinalar as causas que provocaram a queda do avião, mas não entra em questões de “culpabilidade” ou “responsabilidade” dos fatos, aspectos dos quais se ocupa a investigação penal do acidente, que se desenvolve em paralelo e cuja conclusão se espera para o final desse ano ou o início de 2016.
O relatório também analisa por que o avião sobrevoou áreas em conflito, por que as autoridades holandesas demoraram entre dois e quatro dias para confirmar aos familiares que vítimas estavam a bordo do Boeing e até que ponto os passageiros do MH17 foram conscientes do incidente.
Fabricante
O consórcio russo de defesa antiaérea Almaz-Antei, fabricante dos mísseis Buk, afirmou nesta terça que o míssil que derrubou o Boeing malaio foi lançado de uma cidade controlada pelas forças ucranianas.
“Podemos dizer sem dúvida nenhuma que, se o Boeing foi derrubado com um sistema antiaéreo Buk, recebeu o impacto de um míssil 9M38 lançado da cidade de Zaroschenkoye, controlada pelas forças ucranianas”, comentou um funcionário da Almaz-Antei, Mikhail Malishevski.
O diretor-geral do consórcio, Yann Novikov, por sua parte, assegurou que “os resultados de um experimento desmentem totalmente a informação sobre o tipo de míssil (que derrubou o avião) e sobre o lugar de onde foi lançado”.
Reação ucraniana
A Ucrânia acusou os serviços secretos russos de planejar a queda do avião.
“Pessoalmente, eu não tenho nenhuma dúvida que esta foi uma operação para derrubar o avião MH17 da companhia aérea malaia planejada pelos serviços secretos russos”, disse Arseni Yatseniuk, primeiro-ministro ucraniano, durante uma reunião do governo.
A acusação é negada tanto pelos separatistas pró-russos como pelo governo russo, que acusam Kiev de atacar a aeronave com um de seus caças.
Do G1, em São Paulo