Após ouvir as testemunhas da AIJE, a juíza Adamarcia Machado determinou prazo de 48 horas para que o áudio utilizado na acusação seja periciado pela PF. Somadas os prazos dados aos advogados das partes, a expectativa é de que a sentença seja dada em cerca de dez dias, antes portanto da diplomação dos eleitos.
Contradições entre as testemunhas
O primeiro depoente foi Ilderlei Cordeiro, que buscou desvincular qualquer oferecimento de dinheiro ou cargo à Clebisson. No áudio, esse comprometimento acontece de maneira indireta, com Ilderlei afirmando que “aquilo que for acertado aqui (com Vagner) está firmado”.
Ilderlei também negou que tenha participado de encontro com o candidato do PSDB.
Presidente do PSDB teria sabotado seu próprio partido em favor do PMDB
Edson de Paula foi ouvido na sequência. Um destaque ao seu depoimento foi a participação, por ele assumida, do chefe de gabinete Mário Neto no preenchimento do pedido de desistência de Clebisson. No mínimo estranho que na qualidade de presidente municipal do PSDB, tenha recorrido ao secretário do PMDB para essa finalidade. Edson também deixou claro seu descontentamento por ter ficado de fora da chapa como vice de Henrique Afonso deixando subentendido que teria agido contra a chapa de Henrique Afonso. Internamente o PSDB passa por um racha entre o deputado federal Wherles Rocha e Márcio Bittar. Marcio alinhou-se aos candidatos do PMDB, enquanto Rocha buscou fortalecer candidaturas próprias do PSDB. “Eu queria que PSDB e PMDB saíssem juntos” disse Edson de Paula.
Juíza foi dura com Clebisson
A juíza Adamarcia foi bastante dura com Clebisson Freire, questionando-o sobre ele ter dado a entender que precisaria de dinheiro, motivando o oferecimento por parte de Vagner Sales. Os questionamentos da juíza trouxeram uma expressão de contentamento ao advogado Tota Filho, que atua na defesa de Ilderlei.
Alguns dos presentes questionaram, depois, se a juíza estaria agindo como ‘advogada de defesa’, mas mesmo para os advogados da acusação este procedimento seria normal e justificado pelo peso da decisão.
Em muitos momentos a juíza também demonstrou impaciência com o advogado do PSDB, Paulo Gernandes.
Polícia Federal foi amadora no flagrante
Entre os depoentes estava um dos agentes da PF que efetuou o flagrante. Em seu depoimento a evidência de que a PF deu um show de amadorismo no flagrante.
O primeiro erro foi não ter colocado escutas em Clebisson que poderiam, em conversa, comprovar a sua acusação.
O segundo erro foi não tê-lo revistado antes do flagrante dando margem para que a defesa alegue que o dinheiro já estaria em posse de Clebisson.
O terceiro erro foi não ter recolhido o dinheiro e o documento de desistência assim que o flagrante foi efetuado. Ambos foram entregues somente na delegacia.
Por último (até agora), permitiu que parte dos depoimentos de Edson de Paula tenham sido impressos em folha com o timbre da superintendência da PF de Santa Catarina, permitindo que o advogado de defesa insinuasse que as folhas teriam sido acrescidas após o processo. Edson de Paula alegou que a assinatura naquela folha não seria dele.
Juíza deve aceitar áudio como prova
Ao aceitar o pedido de perícia, a juíza indiretamente dá um indicativo de que irá aceitar o áudio como prova no processo. Não faria sentido pedir a perícia se a intenção fosse rejeitá-lo. Se a intenção da defesa era com o pedido, produzir efeito protelatorio, o propósito não foi alcançado, já que os prazos determinados pela juíza foram bastante exíguos.
Fonte juruaemtempo.com.br