O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Produção e Agronegócio (Sepa), em parceria com o Banco da Amazônia, iniciou na manhã desta quinta-feira, 26, no auditório do Sebrae, em Rio Branco, o primeiro Seminário Sobre a Cultura do Açaí, que reuniu técnicos, produtores e empresários para discutir as potencialidades e como expandir o mercado desta fruta no Acre.
Natural do Norte do Brasil e uma fonte rica em minerais como ferro, cálcio, fósforo e vitaminas C, B1 e B2, o açaí tem se popularizado cada vez mais em todo o mundo, o que tem aumentado a cada ano sua demanda. No Acre, não existem números consolidados sobre a produção do açaí. Porém, de acordo com o Censo Agropecuário, a produção de polpa de frutas passou de 11 para 496 toneladas, entre 2006 e 2017.
O secretário de Produção e Agronegócio, Paulo Wadt, destacou que com a política do governador Gladson Cameli de expandir o setor no Acre como principal proposta econômica, discutir a possibilidade de ampliação dessa cadeia produtiva entre parceiros se torna essencial.
“A proposta não implica em desmatamento da floresta, mas sim fazer com que as áreas já abertas possam produzir mais. E o nosso intuito aqui é mostrar tanto o açaí como gerador de renda, como também gerador de emprego, com a cadeia de distribuição, coleta, industrialização, beneficiamento e até consumo. Tudo isso é agronegócio e está ligado desde o pequeno produtor”, conta Wadt.
O seminário contou ainda com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac) e da Fundação de Tecnologia do Estado do Acre (Funtac).
Novas oportunidades
Morador do Projeto de Assentamento Orion, no município de Acrelândia, o produtor Sebastião da Silva, conhecido como Bacu, se orgulha de possuir uma terra de 60 hectares voltada apenas para conservação e extrativismo, tendo apenas 6 hectares de área aberta. Cultivando principalmente mandioca na área aberta, ele já tentou plantar o açaí uma vez sem sucesso. Agora, com o seminário, sonha em conseguir finalmente dominar o plantio da fruta.
“Eu trabalho com um projeto de agroecologia, com minha mata conservada e tendo também uma área para plantar, meu negócio é só conservar. E eu tenho o açaí nativo lá. Plantei um pouco ainda, mas sem a irrigação não deu certo, por isso não desenvolveu, mas meu sonho é plantar açaí. Até falei pra minha esposa, quero morrer, mas quero deixar meu plantio de açaí. E vir pra cá foi o melhor que eu podia fazer para aprender”, conta Bacu.
Só este ano, o Banco da Amazônia anunciou um investimento superior a R$ 696 milhões de reais destinados ao incremento das áreas produtivas no Acre. Na organização do evento, e representando o Banco da Amazônia, Diego Santos Lima destacou a possibilidade de parcerias para linhas de crédito.
“O que o Acre produz hoje de açaí nativo e plantado é muito pouco em relação ao potencial que o estado pode oferecer realmente nesta cadeia. Nossa preocupação hoje é trazer o conhecimento técnico para os produtores e que o banco está à disposição não simplesmente para gerar riqueza, mas distribuí-la”, conta o representante.
Programação ampla
A programação do Seminário Sobre a Cultura do Açaí conta ainda com com palestras de especialistas da área, como o pesquisador da Embrapa da Amazônia Ocidental, João Tomé Neto, o professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Leonardo Paula de Souza, e o pesquisador da Embrapa Rondônia, Victor Ferreira de Souza.
A tarde de quinta será dedicada para uma visita às indústrias Vitória Fruity e Brazil Açaí, que trabalham com o processamento da fruta no Acre. E na sexta-feira, 27, será realizada uma visita a um plantio de açaí em Plácido de Castro, do produtor João Neris Martins, onde serão observados e discutidos os resultados econômicos e ambientais do cultivo da planta.
Por: Assessoria