Cruzeiro do Sul, AC, 23 de novembro de 2024 22:58

Sem infraestrutura, moradores dizem viver no ‘Beco dos Esquecidos’ no AC

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Prefeitura diz que encontra dificuldades por área ter sido de invasão.
‘Nós estamos abandonados, esquecidos’, diz moradora.

Moradores dizem que bichos peçonhetos começaram a aparecer no local (Foto: Taís Nascimento/G1)
Moradores dizem que bichos peçonhetos começaram a aparecer no local (Foto: Taís Nascimento/G1)

Moradores das ruas Tavares de Lima e Muru, no bairro João Alves, em Cruzeiro do Sul, distante 648 quilômetros de Rio Branco, reclamam das péssimas condições de moradia que enfrentam há seis anos. Quando chove, segundo a comunidade, a área inunda causando prejuízos e trazendo muitas vezes animais peçonhentos. Segundo eles, o local acabou ficando conhecido como ‘Beco dos Esquecidos’ por conta do descaso público.

A dona de casa, Maria Rosa, de 31 anos, mora no local há cinco e diz que até o momento não foi feito nada por eles. Ela conta ainda que os trapiches [caminhos feitos de madeira], existentes na localidade, estão caindo aos pedaços.

“Quando fica cheio é um absurdo para a gente passar aqui, principalmente quando chove. A gente quer melhoria, que tomem providências quanto a isso. Os trapiches que têm aqui estão todos quebrados. Nós estamos abandonados, esquecidos. Beco dos Esquecidos,” conta.

Maria Verônica Bezerra Lustosa, 42, conta que quando chove as crianças não conseguem ir para a escola, devido a forte corredeira. Ela relata ainda que vive em péssimas condições de saúde, pois quando a água baixa fica apenas lixos e animais que causam doenças, principalmente nas crianças.

Maria Verônica diz que local ficou conhecido como 'Beco dos Esquecidos'; (Foto: Taís Nascimento/G1)
Maria Verônica diz que local ficou conhecido como
‘Beco dos Esquecidos’; (Foto: Taís Nascimento/G1)

“Nós moramos no Beco dos Esquecidos. As crianças não podem ir à escola quando chove, pois a corredeira é tão forte que só falta levá-las. Se descer uma criança, a água leva. Não estamos vivendo em condições saudáveis porque quando vem a enchente e que a água baixa fica só a lama. Tem cobra, muçum e escorpião. As crianças já pegaram até doença de rato, dengue, frieira,” destaca.

Quando vê que vai chover, Antônia Sales, de 57 anos, diz que tira todas as coisas do seu trapiche para que a água não leve. “Quando é dia de chuva, fico preocupada e tiro tudo do trapiche, senão a água carrega. Só falta é derrubar a casa”.

O Secretário de Obras da prefeitura, Amauri Barbosa, diz que já há uma programação destinada para aquela localidade. “A prefeitura já tem programado para mandar tirar madeira e fazer trapiche para aquela comunidade e também a limpeza daqueles córregos”.

Amauri destaca ainda que aquela localidade é uma Área de Preservação Permanente (APP), onde foram feitas as casas sem o mínimo de planejamento. Ele conta que encontram dificuldades para realizar o trabalho, pois segundo ele, as pessoas não têm a consciência de  jogar o lixo em locais adequados, sendo que não podem abrir ruas.

“Jogam as vezes fogões, pneus, objetos inutilizáveis que impedem o fluxo da água e causam a inundação. Tendo em vista que já foi um bairro de invasão, sem o devido planejamento, temos dificuldade de abrir ruas, então o que podemos fazer é apenas abrir rampas e trapiches, como já foi feito .E agora precisa apenas de uma recuperação para o fluxo de pedestres,” destaca.

Moradores usam estrtura de madeira para se locomover dentro da comunidade (Foto: Taís Nascimento/G1)
Moradores usam estrtura de madeira para se locomover dentro da comunidade (Foto: Taís Nascimento/G1)