Cruzeiro do Sul, AC, 28 de novembro de 2024 22:56

PF prende grupo que articulava pelo Whattsapp matar policiais no Acre

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Reprodução   - Ac24Horas
Reprodução – Ac24Horas

A Polícia Federal, em ação conjunta com Polícia Civil e Polícia Militar do Estado do Acre, desencadeou hoje (20) a operação Joker, com o intuito de reprimir grupo criminoso que estava se organizando para matar policiais no Acre. A quadrilha usava o aplicativo Whattsapp para tramar como seria as ações criminosas.

Foram cumpridos 07 mandados de prisão, 12 de busca e apreensão e 03 mandados de internação de menores de idade.

Tal ação é fruto de investigação iniciada pela PF, após notícia que jovens, num grupo de “Whatsapp”, intitulado “PM bom é PM morto”, poderiam estar armando ciladas contra policiais civis e militares no Acre, com possível formação de grupo de extermínio.

Em dezembro do ano passado o ac24horas revelou em uma reportagem exclusiva como o bando agia.

Circulam nas redes sociais imagens de grupos criados através whatssap para perseguir e agredir policiais civis e militares no Acre. Os círculos de amizade virtual já contam com diversos membros e, inclusive, existem desde o mês de novembro. O ac24horas veicula uma dessas imagens.

Na ilustração é possível perceber, ainda que com pouca nitidez, que a maioria dos membros dos grupos são jovens. Em sua grande parte, segundo apurado, ele têm idades entre 16 e 25 anos, principalmente. A Reportagem ligou para os números a que teve acesso e conversou com alguns dos participantes da rede.

O ac24horas irá manter o nome dos suspeitos em sigilo, em obediência ao Estatuto da Criança e Adolescente, que proíbe a identificação de menores.

O Repórter ac24horas ligou para um dos números. Após várias tentativas frustradas, um menor [aqui chamado de José] atendeu a ligação. Perguntamos se falávamos José, e ele, rapidamente, afirmou que sim. Em seguida questionou-se como “entrar no grupo ‘PM BOM E PM MORTO”, criado em 13 de novembro deste ano.

Ao responder o suposto interessado em participar da rede, o jovem afirma que é só falar com o administrador que ele seria o único com as permissões de inclusão. “Sou eu mesmo (…) Aí tem que falar com o administrador porque ele é quem coloca as pessoas”, afirma.

Ainda durante a ligação, a Reportagem questionou se José conhecia o administrador, mas ele nega que o conheça e pediu para retornar mais tarde que ele ia falar com o responsável pelo grupo virtual. “Liga mais tarde que eu vou procurar o número do administrador e se eu conseguir te passo”, orienta o cumplice.

A reportagem também conversou com outro participante da suposta rede criminosa. Eles serão identificados como Mário – o atendente- e Lucas – o procurado-, nesta matéria.

-ac24horas: é com o Mário que estou falando?
-Lucas: Não. Não é o Mário.
-ac24horas: é que eu estou querendo participar do grupo do ‘Pm morto’. Como eu faço? Ele [o Mário] que é o administrador?
-Lucas: Não. Isso aí é só com ele. Ele não administra não.
-ac24horas: Mas você sabe quem é o administrador?
-Mário: Sei não. Isso é só com ele mesmo.
ac24horas: Ok. Obrigado.

O fato é que ambos os números atenderam às ligações realizadas de um telefone fixo neutro e já desconectado da rede de telefonia. Na última tentativa, o jovem que atendeu foi áspero e se passou por um delegado de polícia, logo no início da conversa.

O jovem, cujo nome também será mantido em sigilo, afirmou ao Repórter que não há mais vagas no grupo e que se quisesse entrar num desses círculos virtuais era melhor fazer um novo, que aguardar uma vaga.

“Não tem vaga mais não, mano. Se você quiser entrar, faça um, porque nesse aqui já não tem vaga mais não, ‘tá ligado’? (sic)”, indaga o rapaz ao ac24horas.

O Comando Geral da Polícia Militar do Acre foi procurado pelo ac24horas. Segundo o coronel José Anastácio, comandante geral do órgão, já há informações sobre os grupos e a polícia já está investigando quem são os responsáveis pela criação.

“Nós já identificamos uma informação parecida. Estamos investigando para saber quem são os criadores da rede”, comenta o chefe dos militares do Acre.

Ainda segundo Anastácio, todos os procedimentos necessários já estão sendo tomados pelo órgão, para resolver a situação. O comandante também faz um alerta aos profissionais, alegando que todo cuidado deve ser redobrado pelos policiais.

“Precisamos de muita cautela. Nós não vamos baixar a guarda nesse momento, todo cuidado é pouco e vamos redobrar o cuidado nesse momento. Não iremos recuar. Assim que identificados, todos serão punidos, se exagero, mas eles serão responsabilizados por isso”, finaliza Anastácio.

O ac24horas também tentou contato com a Polícia Civil. O delegado Robert Alencar não foi encontrado para falar sobre o assunto. O delegado itinerante é o responsável pelas investigações em que há incidência de crimes cibernéticos. Mesmo assim, a Polícia Civil se pronunciou sobre o assunto.

Segundo a Assessoria, nenhum caso foi notificado até o momento. Mas a atenção é necessária. O órgão reafirmou que a competência, nesses casos, fica à cargo da Delegacia Itinerante, cujo representante é o delegado Robert Alencar.