Por Gledisson Albano
Pesquisadores da Universidade Federal do Acre (Ufac) e da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) descobriram que óleos naturais podem ser aliados importantes na conservação de madeiras expostas à ação de bactérias e insetos. Os óleos de açaí, buriti, dendê, murumuru e patoá se mostraram eficientes na redução da perda de massa de espécies de madeiras da Amazônia comumente usadas pelo setor moveleiro. Os resultados foram publicados na sexta-feira (10) na “Revista do Instituto Florestal”.
A exploração legal da madeira amazônica é uma das principais atividades econômicas da região, especialmente para a indústria de móveis. Diante dos desafios para conservar e aumentar a durabilidade do material, que é suscetível às intempéries e aos agentes da natureza, a pesquisa buscou determinar o grau de eficácia dos óleos naturais no tratamento preservativo das madeiras.
Os pesquisadores testaram a resposta das espécies de madeira amarelinho, tauari, gitó, faveira e marupá ao tratamento com cinco óleos naturais ao longo de cerca de nove meses. As amostras foram expostas às intempéries comuns do clima quente e úmido do Parque Zoobotânico da Ufac, localizado em Rio Branco.
Como resultado do experimento, a peroba-branca foi a espécie que menos perdeu massa, enquanto a faveira foi a mais impactada. Em relação aos óleos naturais, o de açaí, murmuru e patoá foram os mais eficazes na preservação das madeiras. No entanto, ainda é necessário desenvolver uma ação direta contra os fungos manchadores e emboloradores, conhecidos como agentes degradadores da madeira.
Mara Lúcia Valle, pesquisadora da UFSB e autora do estudo, destaca que os produtos naturais têm se tornado promissores na preservação das madeiras e devem ser estudados. Ela ressalta a necessidade de incentivo para realizar pesquisas com produtos naturais para encontrar soluções de preservação da madeira. No entanto, a aplicação desses produtos precisa levar em conta a disponibilidade e o custo dos óleos, além da sua eficácia em intervalos de tempo maiores que os nove meses do experimento.
Valle também destaca que, além da sustentabilidade, estudos como esse podem ter reflexo na economia local. Ela afirma que outras metodologias para aprimorar a utilização dos óleos naturais para a preservação da madeira estão sendo testadas, além da técnica do pincelamento dos óleos utilizada nas amostras. Os resultados devem ser publicados posteriormente.