Por Cássia Veras
Setembro Verde é o mês dedicado à campanha de doação de órgãos. Em especial, nesta sexta-feira, 27, é comemorado o Dia Nacional da Doação de Órgãos, data em que é reforçada a importância de dialogar sobre o assunto com familiares e amigos. Embora o Brasil possua o maior programa público de transplante de órgãos do mundo, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), a doação ainda enfrenta barreiras culturais e emocionais que limitam o número de doadores efetivos.
Apesar da estrutura robusta do programa de doação de órgãos, a recusa familiar é uma das principais razões que impedem a doação de órgãos. Dados revelam que, de cada 14 pessoas que manifestam interesse em doar, apenas quatro conseguem efetivar a doação. O medo da manipulação do corpo, crenças religiosas, insegurança em relação ao diagnóstico de morte encefálica e até a desconfiança do Sistema de Saúde estão entre os motivos que levam as famílias a recusar a doação.
O Ministério da Saúde (MS) reconhece essas dificuldades e, por isso, a campanha deste ano traz o tema “Doação de órgãos: precisamos falar sim”, com o objetivo de incentivar o diálogo e desmistificar a doação.
A coordenadora da Central Estadual de Transplantes do Acre, Celiane Alves, reforça a importância de tornar a doação uma pauta familiar. “Diariamente visitamos UTIs à procura de potenciais doadores. É um trabalho constante e, quando há a doação, conseguimos dar uma nova chance a quem espera”, afirma.
De acordo com o Ministério da Saúde, atualmente, 41.559 pessoas aguardam um transplante no Brasil, sendo a maioria homens. Somente no primeiro semestre de 2024, foram realizados 14.352 transplantes, número superior ao mesmo período de 2023, com destaque para transplantes de rim, fígado, coração, pulmão, córnea e medula óssea.
O Setembro Verde busca conscientizar não só os futuros doadores, mas também as famílias. O cirurgião Aloysio Coelho, especialista do aparelho digestivo, reforça: “Se você deseja ser um doador, é essencial expressar essa vontade para seus familiares. O diálogo é fundamental para que, no momento certo, sua escolha seja respeitada e seus órgãos possam salvar vidas”.
No Acre, já são realizados transplantes de córnea e fígado e recentemente houve a habilitação para transplantes renais. Eudmar Ferreira, paciente que aguarda um transplante de fígado, compartilha sua esperança: “Você pode ser um doador, falar para sua família. Vamos ajudar os outros. Tem tanta gente precisando”.
Conforme os dados do Serviço de Transplantes da Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre), já foram realizados 96 transplantes renais, 331 transplantes de córnea e 92 transplantes hepáticos, totalizando 519 procedimentos no estado. Só em 2024, foram realizados 39 transplantes de córnea e 12 de fígado.
Organização de Procura de Órgãos
O trabalho da Organização de Procura de Órgãos (OPO) também é fundamental nesse processo. A enfermeira Amanda Amorim explica: “Identificamos os possíveis doadores e, após o diagnóstico de morte encefálica, a família é consultada. O ‘sim’ da família é o que possibilita a doação”.
Fonte agencia.ac.gov.br