Por Wesley Moraes
Diariamente, não importa o local, a hora, se é fim de semana ou feriado, milhares de profissionais mundo a fora vão às ruas em busca da notícia. Neste 7 de Abril, Dia Internacional do Jornalista, a Agência de Notícia do Acre presta homenagem aos homens e mulheres que se dedicam para manter a população muito bem informada.
“Os jornalistas do Acre merecem todo o nosso respeito e admiração. Destaco a atuação destes profissionais durante a pandemia de covid-19 e, agora, na cobertura desta grande alagação aqui no estado. Mesmo sendo momentos difíceis, eles não medem esforços para publicar histórias e informar o público com seriedade”, pontua Nayara Lessa, secretária de Comunicação.
Entre tantos profissionais talentosos que atuam no estado, conheça a trajetória dos jornalistas Adailson Oliveira, Antônio Lisboa e Celis Fabrícia.
O menino que sonhava em ser jornalista
Desde muito cedo, Adailson Oliveira já sabia a profissão que iria seguir no futuro. O primeiro encontro com o jornalismo ocorreu a mais de três mil quilômetros do Acre. Foi na cidade mineira de Uberlândia que começava a realização de um sonho de menino.
“Sai do estado para trabalhar em uma hidrelétrica em Minas Gerais. Fui morar com uma tia e a casa dela ficava em frente à única faculdade de jornalismo da cidade. Como era um instituição particular, não tinha recursos para arcar o curso. Mas fiquei sabendo que os três primeiros colocados no vestibular ganhariam bolsas de estudo. Fiz a prova e fiquei em terceiro lugar”, relembra.
Após concluir a graduação, Adailson retornou a Rio Branco contratado pela TV 5, em 1998. Dois anos depois, o jornalista foi convidado a integrar a equipe de repórteres da TV Gazeta. Na afiliada da RecordTV no estado, ele consolidou a carreira e tornou-se um dos mais renomados profissionais da imprensa acreana.
Das centenas de reportagens produzidas ao longo da carreira, uma, em especial, marcou o jornalista. O relato da triste situação de indígenas que deixaram as aldeias para viver em Sena Madureira teve bastante repercussão na época e também foi premiado.
“Produzimos esta reportagem em 2005. Ficamos o dia inteiro na cidade e conseguimos flagrar os indígenas consumindo bebida alcóolica, se prostituindo, comendo resto de comida do lixo e dormindo na rua. Era algo bem comovente e caótico, ao mesmo tempo. O material foi bastante comentado pelo impacto das imagens e naquele ano, vencemos o Prêmio de Jornalismo José Chalub Leite”, comentou.
Um dos momentos mais difíceis da carreira profissional foi durante a cobertura da maior crise sanitária da história mundial. Oliveira esteve na linha de frente no período mais crítico da pandemia de covid-19. “No meu caso em particular, estava me recuperando do luto após perder a minha esposa. Em uma semana, perdi cinco amigos para a doença. Foi tudo muito triste e desafiador”, afirma.
Michael Jackson do Acre é um dos mais antigos repórteres cinematográficos em atividade
Antônio Lisboa é um dos mais experientes profissionais da comunicação local. Porém, poucos o conhecem pelo verdadeiro nome. No fim da década de 1980, o então sonoplasta da Rádio Acre FM recebeu do jornalista Campos Pereira um apelido que ficaria marcado para sempre na vida dele.
“Eu estava no estúdio comandando a programação musical da rádio e quando o Campos Pereira entrou estava tocando uma música do Michael Jackson. Ele olhou para mim e me chamou de Michael Jackson. Daquele dia em diante, o apelido pegou e muitos colegas, até hoje, não sabem o meu nome”, recorda.
Em 1989, surgiu a oportunidade de trabalhar como operador de VT, antigo equipamento que grava as imagens capturadas das câmeras, na recém-inaugurada TV Rio Branco. Pouco tempo depois, Michael foi promovido ao cargo repórter cinematográfico. Durante quase três décadas, o profissional foi o responsável por acompanhar grandes coberturas no estado.
“O julgamento dos assassinos de Chico Mendes, em Xapuri, e a queda de um avião de pequeno porte nas proximidades do antigo aeroporto de Rio Branco foram marcantes. O primeiro porque a imprensa do mundo inteiro estava aqui no Acre e o segundo, por ser uma tragédia, me deixou muito comovido”, disse.
Há quatro anos, Michael Jackson integra a equipe de repórteres cinematográficos da Secretaria de Estado de Comunicação (Secom). Questionado sobre a relevância do trabalho que presta à sociedade, o jornalista não hesitou. “Somos responsáveis por levar as notícias à população. Gosto muito da minha profissão e não vejo fazendo outra coisa”, revelou.
A paraibana arretada que construiu carreira na imprensa do Acre
Natural de Campina Grande, a segunda maior cidade da Paraíba, Celis Fabrícia é apaixonada pelo que faz. Desde 2008 é formada em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal do Acre e conta com passagens pelas TVs Aldeia e Acre, onde se destacou como repórter, e na assessoria de comunicação do governo do Estado. Atualmente, a jornalista apresenta o Jornal do Meio-Dia e o programa Tardes da Aldeia, na Rádio Aldeia FM. Já são quase duas décadas dedicada à profissão.
“Eu não escolhi a profissão, foi ela que me escolheu. A comunicação sempre esteve presente na minha vida desde a época da adolescência. Cresci em uma igreja evangélica e sempre tive a oportunidade de pregar, fui professora de escola bíblica e me comunicava muito com o público”, explica.
O jornalismo proporcionou Celis a conhecer os 22 municípios do estado, um privilégio para poucos da área. Dos centros urbanos aos mais distantes rincões da floresta, a profissional contou muitas histórias. A produção de série de reportagens “Ribeirinhos Acreanos – dos Seringais às Colônias”, exibida na TV Aldeia, em 2010, é lembrada por ela de maneira bastante especial.
“As reportagens mais marcantes que eu fiz sempre foram no interior. Amo retratar a vivência dos acreanos. Eu amo esta série porque visitamos vários locais em busca de personagens que fazem parte da história do nosso estado”, disse.
Celis Fabrícia também conta com coberturas internacionais no currículo. A repórter foi enviada especial para fazer a cobertura jornalística da participação do Acre nas Conferências do Clima das Nações Unidas (COP) em Lima, no Peru, e Paris, capital francesa.
A carreira da jornalista é marcada ainda por importantes premiações. Com a reportagem “Do lixo ao mercado: uma iniciativa sustentável de geração de emprego e renda”, Celis e o repórter cinematográfico Ruizemar Leite foram os grandes vencedores do Prêmio Sebrae de Jornalismo – categoria telejornalismo, em 2011. Pela primeira e única vez, profissionais do Acre ganharam um dos prêmios mais disputados do Brasil. No mesmo ano, a dupla também faturou o Prêmio Jornalistas & Cia/HSBC de Imprensa e Sustentabilidade – Mídia Regional I com a mesma matéria.