Em agenda em Rio Branco nesta terça-feira, 1, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado pelo governador Tião Viana, pôde conhecer os avanços da atividade extrativista proporcionados pela Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Estado do Acre (Cooperacre).
Ela é hoje a responsável pela maior produção de castanha beneficiada do país, estando presente em 14 municípios acreanos e com capacidade para produzir mais de três mil toneladas de castanha, contando com 2.256 cooperados.
Só de usinas de beneficiamento de castanha a Cooperacre possui três unidades – uma em Xapuri, outra em Brasileia, e a sua maior, quase pronta para entrar em total operação, em Rio Branco, a que Lula e sua comitiva visitaram. Também há uma indústria de polpa de frutas e outra de beneficiamento de borracha.
Observar tamanho avanço surpreendeu o presidente. “Estou vendo aqui uma cooperativa administrada pelos próprios seringueiros, que vende para os Estados Unidos e para a Europa, que paga salários. Antigamente, lembro quando eu vim aqui, mais de 15 anos atrás, o máximo que era feito era financiamento para comprar um jegue [para o seringueiro] ir pro meio da seringa. E agora eu os vejo aqui exportando 600 mil quilos de castanha pros Estados Unidos”, disse.
O governador Tião Viana, um dos maiores incentivadores das atividades da Cooperacre por intermédio de políticas públicas para a área, também comemora os resultados: “Para vocês terem uma ideia, há 10 anos o Acre mandava toneladas de castanha para serem beneficiadas no Pará; agora é o Pará que está mandando carretas de castanhas para serem beneficiadas aqui”.
Uma história de sucesso
Hoje, a Cooperacre possui contratos importantes de fornecimento de castanha para marcas como Nestlé e Cacau Show, além de começar a exportar.
Seu movimento chega a R$ 50 milhões por ano. Manoel José da Silva, ex-seringueiro, conta como tudo isso foi uma conquista feita em favor daqueles que vivem da floresta.
“Eu tinha medo até de cooperativas. Porque a gente via um cemitério de cooperativas. Aí eu entrei no negócio com o Manoel Monteiro, e hoje podemos dizer: ‘Nós somos empresários também’. E eu tenho maior orgulho da minha vida de poder falar isso pro ex-presidente Lula, um companheiro de batalha, e o governador Tião Viana, que é 100% pra nós. Antes, se alguém plantava um pé de acerola, apodrecia porque ninguém comprava nada. Hoje não tem castanha pra vender no Acre – nós compramos tudo”, conta.
Manoel Monteiro, superintendente da Cooperacre, reforça que o trabalho com as cadeias extrativistas possui responsabilidade social e ambiental. “Já fui mostrar nosso trabalho na China, em Dubai, para vários países também na Europa, e estou embarcando amanhã para a França, para apresentar na COP [Conferência Climática] nossas experiências com indústrias que trabalham só com produtos extrativistas não madeireiros, que levam melhoria de renda para todos os extrativistas.”
Além de tudo isso, a Cooperacre começa agora um projeto de reflorestamento em parceria com o governo do estado. Só este ano a Cooperacre vai reflorestar 516 hectares, mas agora com florestas produtivas, próprias para alimentar as indústrias da rede.
Por Samuel Bryan