‘Ela estava deitada no chão gritando de dor’, diz o estudante Deivid Braga.
Amigos fizeram parto dentro do carro em um posto de combustível da capital.
Parecia apenas mais uma noite de carnaval para o estudante de enfermagem Deivid Braga, de 25 anos, que se divertia com mais quatro amigos. Porém, durante um passeio por Rio Branco, no bairro Sobral, na madrugada desta terça-feira (17), os cinco encontraram uma mulher sentada no chão da calçada em trabalho de parto. Na tentativa de levá-la à maternidade, os amigos precisaram fazer o parto ainda no carro. “Foi tudo lindo e emocionante”, diz o estudante.
“Eu e mais quatro amigos, por volta das 2h da madrugada, passeando pela cidade, nos deparamos com uma mulher que estava em uma esquina chorando de dor. Eu podia parar ou ir embora. Fui chegando mais perto e vi que era uma senhora e ela estava com a barriga grande e chorando demais”, lembra Braga.
Mesmo com todos os lugares do carro ocupados, e depois de pedir ajuda a taxistas que passavam no local, eles decidiram levar a mulher para a maternidade. No entanto, não deu tempo e os amigos tiveram que estacionar em um posto de combustível próximo.
“Não conseguimos chegar na maternidade, porque ela começou a gritar muito, chorando, disse que o bebê ia nascer e começou a tirar a roupa. Paramos em um posto, quando descemos do carro e abrimos a porta, a cabeça do bebê já tinha saído. Uma das minhas amigas e um mototaxista, que estava no local, foram puxando o bebê. Era uma menina”, fala Lohana Martins, de 20 anos, que também estava no grupo.
Durante o parto, os amigos contam que ligaram para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que chegou para cortar o cordão umbilical e fazer os primeiros atendimentos na mãe e no bebê. Deivid Braga diz que foi a “experiência mais inusitada e emocionante” de sua vida, já que cursa apenas o primeiro período de enfermagem.
“Deu tudo certo, o que importa é que a mãe e a criança estão bem. Tivemos medo de parar, porque a cidade está muito perigosa, tem muito assalto, mas a força de vontade em ajudar, o instinto, falou mais alto e fez com que parássemos para socorrer aquela mulher”, declara Braga, proprietário do veículo.
Sensação semelhante tem Lohana, amiga de Deivid, que diz que nunca imaginou que algo parecido pudesse ocorrer. “Foi uma experiência nova, nunca imaginava que uma pessoa ia ganhar bebê do meu lado, dentro de um carro. Foi muito emocionante e nem tenho palavras. Mas só pelo fato da mãe e bebê terem sobrevivido, ficamos muito felizes”, acrescenta.
O G1 entrou em contato com a Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), por meio da assessoria de comunicação, para saber o estado de saúde da mulher e do bebê, mas foi informado que não seria possível localizá-la.