Ao menos três condutores de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, reclamam dos exames toxicológicos feitos em um laboratório da cidade para a renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O problema é que os resultados deram positivo para uso de cocaína, mas eles alegam que nunca usaram nenhum tipo de substância.
Ao G1, a responsável técnica pelo Citolab, local que coletou o sangue dos motoristas, afirmou que a responsabilidade foi de outro laboratório, para o qual as amostras são enviadas, fora do estado acreano.
Um dos prejudicados é o instrutor de trânsito Ronaldo Barroso, de 34 anos, que afirma que está impossibilitado de conseguir emprego, uma vez que não conseguiu renovar a habilitação. Ele conta que teve o sangue coletado no dia 10 de fevereiro e o resultado foi entregue no último dia 2 de março.
“Nunca fiz uso de nenhum tipo de droga. Não sei explicar como estou me sentindo. Fiz exames em outro laboratório para 11 tipos de drogas e todos deram negativos. Conversei com um advogado e vou procurar meus direitos e ver o que fazer com esse vexame que estou passando. Essa situação está interferindo no meu credenciamento”, fala.
Antônio de Souza, de 28 anos, diz que passou pelo mesmo constrangimento no momento da entrega da documentação para renovação da CNH. Revoltado, o acreano ressalta que também ficou com o prejuízo financeiro, já que também refez os testes em outro estabelecimento. Ele aguarda o prazo de 90 dias para dar entrada mais uma vez na renovação do documento.
“Passei por constrangimento, porque peguei o resultado e levei com os documentos. Fui informado que estava inapto para renovar minha CNH, pois tinha dado positivo para cocaína. Tenho consciência de que nunca usei droga, fui ao laboratório reclamar e me mandaram procura a Justiça”, revela.
Souza acrescenta que, devido ao problema, está sem poder dirigir desde dezembro do ano passado e que chegou a perder oportunidade de trabalho. “Deixei de ser contratado para dirigir um ônibus porque minha carteira está vencida e não posso renovar. Vou entrar na Justiça pelo que tenho passado. Nunca usei droga e não tenho nada a temer”, fala.
Outro condutor que também enfrenta a dificuldade é o motorista Altemir Lima, de 32 anos. Ele fez o exame no dia 4 de dezembro de 2016 e o resultado foi entregue no final do mesmo mês. Lima também espera o completar o prazo de 90 dias para realizar um novo teste e conseguir fazer a renovação da CNH.
“Fiquei perplexo. Não sou homem de usar droga, vivo do meu trabalho de motorista. Se for preciso, faço exame em qualquer lugar do Brasil. O laboratório diz que não pode fazer uma contraprova, só com mandado judicial. Ainda não perdi meu trabalho porque meu patrão é meu primo e acredita em mim”, salienta.
Laboratório transfere responsabilidade
A biomédica Fernanda Moura, responsável pelo Citolab, diz que já tomou conhecimento das reclamações, mas alegou que o estabelecimento funciona apenas como “rede de coleta”. A responsabilidade seria da central que recebe o material e faz as análises. “Fazemos a coleta em frente ao paciente. As amostras são lacradas e o cliente assina no envelope. A partir do envio, é tudo por conta do outro laboratório”, finaliza.
Adelcimar CarvalhoDo G1 AC
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