Cruzeiro do Sul, AC, 24 de novembro de 2024 03:04

Na base da estratégia, Demian Maia acaba com invencibilidade de LaFlare

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Brasileiro derruba, fica por cima nos quatro primeiros rounds e “cozinha” últimos cinco minutos rumo à vitória por decisão unânime no UFC Rio 6, no Maracanãzinho

O brasileiro Demian Maia garantiu uma vitória brasileira na luta principal do UFC Rio 6 da forma que melhor sabe: usando o jiu-jítsu e a estratégia. Numa luta amarrada, em que abusou das quedas e do jogo de solo, o peso-meio-médio paulista venceu o americano Ryan LaFlare por decisão unânime (triplo 48-46) na madrugada de sábado para domingo, no Maracanãzinho. Foi o fim de uma sequência de 11 vitórias em 11 lutas para o novaiorquino, e a 20ª vitória em 26 combates na carreira do brasileiro.

Demian assumiu a responsabilidade de comandar o ritmo da luta desde o início. Ele tomou o centro do octógono e não teve medo de trocar com LaFlare. Numa trocação franca inicial, o americano levou a melhor e já arranhou a testa do paulista com um direto. Demorou um minuto até Demian fintar um jab e atacar um single leg. Ele surpreendeu o novaiorquino, que, mesmo com seu wrestling de alto nível, terminou com as costas no chão.

Demian Maia festeja a vitória sobre o até então invicto Ryan LaFlare na luta principal do UFC Rio 6 (Foto: André Durão)
Demian Maia festeja a vitória sobre o até então invicto Ryan LaFlare na luta principal do UFC Rio 6 (Foto: André Durão)

A partir daí, o brasileiro mostrou sua faixa preta de jiu-jítsu: passou guarda com facilidade e ameaçou partir para uma kimura. LaFlare escapou, remontou meia-guarda, mas Demian antecipou seus movimentos e chegou à montada. O paulista tratou de estabilizar posição e golpear no ground and pound. LaFlare esperneou, tentou na força tirá-lo de cima, mas Demian não desgrudava. Ele voltou à meia-guarda e terminou o round por cima.

O segundo round começou mais estudado, talvez consequência do grande esforço de ambos no primeiro período. LaFlare investiu nos chutes baixos, para minar a perna da frente do paulista. Ele dominava a movimentação e frustrou sua primeira entrada em queda. Demian respondeu com um bom cruzado de esquerda. Com paciência, seguiu girando até achar o momento certo de atacar a perna esquerda e derrubar de novo.

Desta vez, LaFlare mostrou melhor defesa no chão, e vendeu mais cara a passagem de guarda ao brasileiro. Mesmo assim, com insistência e alguns socos na cara, Demian obteve a montada com cerca de 1m30s restando. A partir daí, deu mais golpes na cabeça e tentou passar pra um kata-gatame. A posição, porém, não encaixou com a precisão necessária, e o paulista terminou o período com mais duros golpes no rosto.

Demian Maia controlou Ryan LaFlare no jogo de chão durante praticamente toda a luta (Foto: André Durão)
Demian Maia controlou Ryan LaFlare no jogo de chão durante praticamente toda a luta (Foto: André Durão)

Atrás na pontuação, o americano perseguiu Demian pelo cage no terceiro round. Seus cruzados não encontravam a distância correta, e o paulista circulava para sua direita com agilidade. LaFlare mais uma vez rechaçou a primeira tentativa de queda e, após levar um bom jab, contragolpeou outra entrada e acabou por cima pela primeira vez na luta. Todavia, sem conseguir nada, tentou se levantar e acabou com Demian preso à sua perna, buscando uma chave de calcanhar.

LaFlare acabou caindo, e o brasileiro voltou a ficar por cima, rapidamente obtendo a montada. O novaiorquino tentou usar a grade para se livrar, mas Demian rapidamente voltou a montar e a amassá-lo. Ele terminou mais um round por cima e assumiu uma vantagem confortável na pontuação.

O quarto round foi mais do mesmo. O jab de Demian encontrava lugar no rosto de LaFlare repetidamente. Desta vez, o brasileiro quedou com mais de três minutos restando. O americano ameaçou puxar seu braço numa kimura, mas Demian, malandro na “arte suave”, escondeu o braço e ainda transformou a situação toda em mais uma montada. Aos poucos, trabalhou pelo kata-gatame. LaFlare respirava “pelo canudinho”, mas resistiu quase um minuto na posição, até remontar a meia-guarda e colocar o adversário para o lado.

À frente na luta, Demian tratou de circular o máximo possível para fugir dos chutes e cruzados de LaFlare no início do último round. Sua primeira tentativa de queda não funcionou, e ele se viu forçado a trocar com o americano. LaFlare começou a acertar seus chutes, seja na perna, seja na costela. O brasileiro voltou a ir nas pernas; LaFlare fez sprawl e até ficou por cima, mas fez questão de se levantar e correr; sabia que sua chance era nocautear.

Ryan LaFlare teve trabalho para se livrar das tentativas de finalização de Demian Maia (Foto: André Durão)
Ryan LaFlare teve trabalho para se livrar das tentativas de finalização de Demian Maia (Foto: André Durão)

Demian insistiu nas quedas e levou uma joelhada poderosa no rosto. LaFlare se levantou e o árbitro John McCarthy mandou o paulista se levantar. O público se irritava cada vez que seu compatriota demorava a fazê-lo. Em pé, o americano ia encontrando o caminho. Acertou mais dois bons chutes no corpo e um perigoso cruzado. Porém, Demian tirou da cartola mais uma queda no último minuto, e tratou de “cozinhar” a vitória. Com 10s restando, LaFlare se levantou e foi para o “tudo ou nada”, mas Demian se jogou no chão. McCarthy imediatamente deduziu um ponto do paulista, mas não fazia mais diferença. Fim de luta, e mais uma vitória para Demian Maia.

– Eu tentei trazer uma finalização para vocês, mas fiquei três meses parado por causa de infecção, e enfrentei esse adversário muito duro que estava invicto e era inclusive favorito nas casas de aposta. Estou muito feliz de ter vencido hoje neste palco, no berço do jiu-jítsu, e ter mostrado o meu jiu-jítsu para o público – afirmou o brasileiro.

LaFlare não reclamou da falta de combatividade do adversário no último round e reconheceu sua superioridade no duelo.

– Esperei demais para começar a pressioná-lo, e no quinto round ele já tinha quatro rounds de vantagem sobre mim. Eu subestimei o quão forte ele seria por cima no chão, e ele me ensinou uma lição valiosa hoje – disse o americano.

Confira os resultados das demais lutas do evento:

CARD PRINCIPAL
Erick Silva venceu Josh Koscheck por finalização aos 4m21s do R1
Léo Santos venceu Tony Martin por finalização aos 2m29s do R2
Amanda Nunes venceu Shayna Baszler por nocaute técnico a 1m56s do R1
Gilbert Durinho venceu Alex Cowboy por finalização aos 4m14s do R3
Godofredo Pepey venceu Andre Fili por finalização aos 3m14s do R1