Após a prisão do repórter cinematográfico, José Wiles Torres, que aconteceu na ultima terça-feira(17), os jornalistas de Cruzeiro do Sul (AC) se uniram em ato de solidariedade ao colega de profissão e realizaram na tarde desta quinta-feira (19) uma manifestação na frente da delegacia de Cruzeiro do Sul. O cinegrafista teve sua câmera tomada e as fotos apagadas por um dos policiais que realizou a prisão.
Para mostrar o repúdio com a ação truculenta do policial, a imprensa local usou mordaças pretas na boca, expressando a dificuldade de expressão enfrentada e levantou um cartaz que dizia: “Não a intimidação”. Mais de 20 profissionais fizeram parte do ato. O repórter Erisney Mesquita, um dos participantes contou que já passou por situação semelhante ao do colega dentro de uma delegacia, chegando a ser ameaçado de prisão caso não revelasse uma fonte.
“Nosso trabalho sempre foi feito em parceria com a polícia civil. Ações truculentas como a praticada contra o nosso colega durante o carnaval nos desonra como profissionais da comunicação”, destaca a jornalista Luciana Teixeira.
“Passei por uma situação complicada dentro de uma delegacia aqui de Cruzeiro. Eu confesso que não é fácil”, falou.
Para a repórter Luciana Teixeira o fato , apesar de ter sido realizado por apenas um policial , pode de certa forma prejudicar a parceria existente entre policia e imprensa nos últimos anos.
“toda via ações truculentas como essa, que aconteceu no carnaval, vem arranhando o nosso trabalho junto ao departamento da policia. E nós nos sentimos de certa forma desonrados com a atitude desse policial”, disse.
Junto com os mais de 20 jornalistas o repórter Francisco Rocha abordou a importância da parceria entre policia e imprensa, e fala que o fato é restrito ao policial que executou a ação de forma truculenta.
“Nós não vamos baixar a cabeça para nenhum policial que queira intimidar nosso trabalho. A sociedade sabe que a imprensa sempre foi a principal parceira da policia civil, como da militar e da justiça, e como eles também são nossos parceiros, e nós não queremos deixar que uma pessoa venha estragar todo trabalho de cooperação”, relatou.
Torres realizou a foto de uma ação policial, que atendiam a ocorrência de uma briga envolvendo outro policial, que não estava de serviço. Ele fala que fez a foto imaginando que se tratava de uma prisão comum.
“Eles alegaram desacato a autoridade para me mandar para cela. Fiquei lá por mais de 7 horas. Fiz a foto e nem imaginava que se tratava de outro policial. Eles me pediram para apagar a foto alegando direito de imagem, mas eu me neguei , foi quando tomaram a câmera e me conduziram. Falaram muitas coisas comigo e eu perguntei se eles tinham bebido, foi quando me mandaram para cela”, contou Torres.
O delegado Elton Futigame explicou que o caso já está sendo investigado pela corregedoria geral da policia civil e qualquer ato truculento é repudiado pela policia civil.