A cada período de três ou quatro ocorre uma infestação de lagarta mandarová nos roçados de macaxeira da região do Vale do Juruá, provocando muitos prejuízos e diminuindo a produção de farinha, principal item na economia local. Neste ano a lagarta já deu sinal de vida em pelo menos quatro municípios: Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves, Porto Walter e Feijó.
Em Cruzeiro do Sul, a lagarta tem atacado especialmente no ramal 2 do Projeto Santa Luzia, no ramal Fundiária e no ramal do Cabo, onde já houve perda de roçados de até quatro hectares. Mas, os ataques têm se espalhado por onde ainda não haviam ocorrido e o Instituto de Defesa Animal e Florestal (Idaf) está em campanha intensa de esclarecimento percorrendo a zona rural.
Neste fim de semana, o órgão visitou a região do Santa Luzia e deixou as orientações costumeiras: o controle deve ser feito visualmente nas folhas mais novas do roçado para verificar a presença de ovos de lagartas e assim que aparece a infestação deve ser utilizado o baculovírus, um inseticida natural, produzido pelo próprio Idaf, que extermina a lagarta nos primeiros dias de vida. Ou seja, quanto antes se aplicar o baculovírus, melhor será o resultado.
Nova revoada
A mandarová surge da revoada de um tipo de mariposa, que acontece sempre na boca da noite. Segundo a engenheira-agrônoma do Idaf, Ligiane Amorim, que vem fazendo palestras explicativas na região, está prevista para daqui a 15 dias nova revoada de mariposas, quando a lagarta recomeça seu ciclo.
Por isso, o alerta que ela dá sempre aos produtores: ao perceberem a revoada, eles devem utilizar armadilhas luminosas, que podem ser feitas com pedaços de alumínio, lâmpadas, ou na falta de energia elétrica com pequenas fogueiras, perto dos roçados, para atrair e destruir as mariposas. Cada mariposa fêmea tirada de circulação evita que de 500 a 1.800 novas lagartas invadam a plantação
Há uma armadilha feita especialmente para isso, mas ela tem um inconveniente: a bateria tem que ser recarregada após cada noite.
Agricultores atentos
A agricultora Maria Ângela Oliveira de Souza perdeu mais de dois hectares de roça. Ela foi à reunião com o Idaf e acha que valeu a pena: “Vou seguir as orientações” – disse.
O agricultor Carlenilson Carneiro Leão disse que chegou a utilizar a armadilha oficial e num único dia recolheu mais de cinco quilos de mariposas. Ele utiliza também fogueiras pois a bateria só aguentou só uma noite. Ainda assim perdeu cerca de 30% do roçado.
Ele elogiou a atitude do governo em combater a praga. “Se a gente fizer o que eles pedem dá para amenizar os ataques. Quanto menos mariposas menos ovos e quanto menos ovos menos lagartas. Lá em casa eu tenho matado muita mesmo”.
Por Flaviano Schneider
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