O Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf) alerta os produtores para o risco iminente da entrada, no território nacional, de uma praga que pode dizimar frutos do cacau, cupuaçu, cacauí e cupuí, espécies comuns na floresta. Trata-se da monilíase do cacaueiro, doença já identificada na Bolívia e Peru.
“A monília, ou monilíase, é uma doença que devasta as sementes e causa perda de 50% até 100% dos frutos produzidos. O agente causal é um fungo que até o momento não existe no Brasil, mas já se encontra em países vizinhos, como Peru e Bolívia, localizados na área de fronteira com o Acre”, frisa Ligiane Amorim, engenheira agrônoma do Idaf.
Ligiane explica que os sintomas da doença são similares ao da vassoura-de-bruxa, praga que atinge essas espécies frutíferas e os produtores rurais já conhecem. “A vassoura-de-bruxa ataca outras partes da planta. A monília ataca diretamente no fruto, por isso é tão perigosa”, reforça.
Entre os sintomas da doença estão a lesão escura na casca do fruto com formação de grande quantidade de pó esbranquiçado, que se desprende facilmente.
“Surgem umas ‘barrigas’, o fruto fica deformado. Após essa deformação, surgem manchas amareladas com pontos escuros e com o tempo o fruto vai se enchendo de esporos do fungo. Esse esporo é uma massa branca, como se fosse um pó. Outro sintoma é a mumificação do fruto, que fica todo ressecado, mumificado e coberto com pó branco. Ficam endurecidos, resistentes a quebra”, detalha.
Se algum produtor ou até mesmo quem tem árvores de cacau ou cupuaçu em suas residências notar qualquer um desses sintomas, Ligiane Amorim avisa que a pessoa deve procurar imediatamente um escritório do Idaf ou da secretaria de Produção mais próxima, para informar a situação aos técnicos.
“Em caso de identificação ou suspeita de monilíase do cacaueiro, tomaremos todas as medidas fitossanitárias para que a doença não se espalhe para outras propriedades. O Idaf vai atuar junto com o Ministério da Agricultura no controle e monitoramento desta praga, serão feitas coletas para fazer análise e identificação da doença”, explica Ligiane Amorim.
Áreas de maior risco de disseminação
Brasileia e Assis Brasil (Alto Acre), Marechal Thaumaturgo e Foz do Breu (Alto Juruá) e Cruzeiro do Sul (Vale do Juruá), comunidades que estão na fronteira com Peru e Bolívia, são áreas com maior risco de ser a “porta de entrada da doença”.
A engenheira revela que a doença pode entrar no território nacional de várias maneiras. Ela enumera, por exemplo, que pode ser por ação do vento que espalha o pó com fungo ou por meio de ferramentas contaminadas que entrem em contato com frutos contaminados e sejam utilizados para manuseio em plantas sadias.
Ou ainda, se um carro entrar numa propriedade que está contaminada e seguir para outra área levando os esporos do fungo. “Por meio das roupas e, principalmente, por meio da ação do homem. Como vivemos na região de fronteira – as pessoas vão muito à Bolívia -, é importante salientar que não tragam mudas ou frutos, principalmente dessas espécies, porque podem trazer doenças para o país. Sempre que visitar a Bolívia ou Peru, não devem trazer mudas, plantas ou frutos de qualquer espécie”, enfatiza.
Equipe alerta e em qualificação
O diretor-presidente do Instituto, Ronaldo Queiroz, ressalta que sendo o Acre classificado como região com “alto risco” para entrada dessa doença, o Idaf já iniciou uma série de ações para evitar que a região seja porta de entrada deste fungo. Entre elas, está a intensificação nas fiscalizações nos postos do instituto.
“A turma de técnicos do Idaf está atenta e tem vasta experiência no ramo de eliminação de pragas. É uma determinação nossa, do governo do Estado que possamos fazer com que essa praga não entre na região porque isso pode atingir todo país”, destacou Queiroz.
União pela produção segura
Ronaldo Queiroz explicou que o Ministério da Agricultura tem auxiliado com recursos financeiros para ações eficazes.
“O deputado estadual Lourival Marques, engenheiro agrônomo, sabe da importância desse trabalho e solicitou audiência para debater essa questão. Além disso, parte da equipe do quadro do Idaf está pronta para participar de um curso em Rondônia, para atuar com a devida eficiência, caso seja identificado algum foco dessa praga aqui”, disse o gestor.
Por Nayanne Santana
Fonte agencia.ac.gov.br