Cruzeiro do Sul, AC, 25 de novembro de 2024 08:40

Hollande pede a franceses que não cedam ao medo

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Em pronunciamento, Hollande pede que os franceses não cedam ao medoAgência Lusa/EPA/Stephane de Sakutin/Direitos Reservados
Em pronunciamento, Hollande pede que os franceses não cedam ao medoAgência Lusa/EPA/Stephane de Sakutin/Direitos Reservados

Em pronunciamento durante evento com prefeitos, o presidente francês, François Hollande, pediu hoje (18) à população francesa que não ceda ao medo após os ataques terroristas em Paris na semana passada e que a “vida deve continuar plenamente”. Ele defendeu uma coalizão internacional para combater o Estado Islâmico, informou que pretende prorrogar por 3 meses o estado de emergência no país e reiterou o compromisso de acolher 30 mil refugiados.

Hollande discursou após operação policial antiterrorista em Saint-Denis, no norte de Paris. Duas pessoas morreram durante a operação, sendo uma delas uma mulher que acionou um colete de explosivos, e sete foram detidas. A operação teve como alvo Abdelhamid Abaaoud, considerado o “cérebro” dos atentados de sexta-feira (13) em Paris.

“Através do terror, o Daesh [acrônimo árabe do Estado Islâmico] quer instilar o veneno da suspeita, da estigmatização, da divisão. Não vamos ceder à tentação de recuar, não vamos também ceder ao medo e aos excessos”, disse o presidente francês. “Nossa coesão social é a melhor resposta”, disse. Os atentados do dia 13, de autoria do Estado Islâmico, deixaram 129 mortos.

Hollande ressaltou que a França foi alvo dos terroristas por defender a liberdade e a diversidade.  “Isso é o que os terroristas visaram: a ideia mesma da França. É a juventude da França que era o alvo, porque ela representa a vitalidade, a generosidade e a liberdade.”

O presidente pediu que os franceses retomem seus hábitos. “O que será da França sem seus museus, sem seus terraços, sem seus concertos, sem suas competições esportivas? O que será de nossas cidades sem o barulho de nossas atividades? E nossos municípios sem a fraternidade de nossas festas? Hoje, a França precisa de todas as suas energias para continuar a viver. Nós devemos isso por nossa economia, por nossos empregos e por nossa juventude.”

Coalizão internacional

O presidente francês defendeu que os países se unam para deter o Estado Islâmico. Ele ressaltou que a França intensificou os ataques contra o grupo na Síria e que essas ações vão continuar enquanto for necessário.

Na terça-feira (24), Hollande irá a Washington para discutir o assunto com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e na quinta-feira (26), a Moscou, para reunião com o mandatário russo, Vladimir Putin.

Estado de emergência

Hollande anunciou que vai apresentar hoje ao Parlamento a proposta de prorrogar por mais 3 meses o estado de emergência no país, que, segundo ele, representa “algumas restrições temporárias à liberdade”. A partir da proposta, o governo fica autorizado a impedir eventos e reuniões públicas e criar zonas de proteção em torno de órgãos públicos e prédios privados que podem ser potenciais alvos de terroristas.

“Nesse momento de guerra, é preciso paciência pelo tempo que ela durar.”

Refugiados

Ele disse que não se pode vincular o fluxo de refugiados do Oriente Médio que tentam entrar na Europa com os ataques sofridos pelo país. “Algumas pessoas quiseram estabelecer relação entre o afluxo de refugiados vindos do Oriente Médio com a ameaça terrorista que pesa sobre nosso país. Essa relação não existe, porque os habitantes das regiões do Iraque e da Síria controladas pelo Estado Islâmico são martirizados por aqueles que nos atacam hoje.”

Hollande repudiou qualquer retaliação a comunidade muçulmana em decorrência dos atentados e reafirmou o compromisso da França em acolher 30 mil refugiados nos próximos dois anos. Além disso, o governo aumentou em 23 mil o número de vagas nos abrigos.

“Devemos ser implacáveis contra todas as formas de ódio. Qualquer ato xenófobo, antissemita ou antimuçulmano não deve ser tolerado.”

Segundo o presidente francês, um fundo de apoio, no valor de 50 milhões de euros, será criado para apoiar o acolhimento dos refugiados.

* Com informações da Agência Lusa

Edição: Carolina Pimentel