Por: Taís Nascimento
O Pronto-Socorro (PS) de Rio Branco passa agora a ser uma das únicas unidades de saúde de urgência e emergência do país a oferecer leitos específicos para o atendimento da população indígena. O olhar sensível da gestão sobre a causa e o afinco em garantir a equidade de direitos foram as peças principais para mais uma conquista histórica dos povos originários.
Além da enfermaria, nesta terça-feira, 19, também foi oficializada a implantação do Núcleo de Saúde Indígena dentro do PS de Rio Branco. A estratégia garante a universalidade do Sistema Único de Saúde, o SUS, dando a oportunidade de os povos originários se comunicarem e serem entendidos em sua própria língua.
“A Sesacre tem trabalhado com políticas para poder abranger toda a população. Não temos trabalhado apenas a assistência em si, mas também a ambiência, o acolhimento, onde as equipes trabalham junto às unidades hospitalares”, pontuou a chefe do Departamento de Atenção Primária à Saúde (Daps), Érica Fabíola Faria.
Estrutura, adaptação e respeito
A estrutura conta com dois leitos destinados aos pacientes indígenas. Além disso, serão instalados armadores de redes, para aproximar o quanto possível à realidade da aldeia. Também, uma parede será pintada para ambientar o espaço à cultura indígena, utilizando animais que simbolizam a espiritualidade dos povos.
Também se pensou na adaptação do cardápio, tendo em vista que os indígenas aldeados não têm o hábito de comer carne vermelha ou frango, o que interfere biológica e psicologicamente no tratamento.
“Hoje, dia que o Nawa (não indígena) escolheu para ser nosso dia, temos essa conquista junto ao governo do Estado e à Sesacre. Avançamos mais um passo, fortalecemos a Saúde Indígena a nível de Estado com a certeza de que ainda faremos muito. O Acre ainda será uma referência em Saúde Indígena. Estamos trabalhando arduamente para chegarmos lá”, destacou o responsável pela área, Vanderson Brito.
Cultura, espiritualidade e cura
O responsável pela ambientação da enfermaria é o grafiteiro Matias Souza, que levou alguns dias pesquisando uma arte que proporcione ao paciente um sentimento de estar em casa: “50% da cura de um indígena se dá por meio da sua espiritualidade. A proposta que trouxe é montada em cima daquilo que é significativo e importante para os povos, e que, principalmente, abranja a todos eles”, destacou.
A diretora do PS, Dora Vitorino, enfatizou a política de humanização no acolhimento da população indígena: “Além de humanizado, esse espaço, que é dentro do hospital, é pensado de forma que esse paciente se sinta no ambiente dele, pelo menos parecido. Por isso estamos adaptando”.
Além disso, o coordenador da Rede de Urgência e Emergência (RUE), Edvan Meneses, observa o atendimento às populações prioritárias: “Ao mesmo tempo em que eu penso no indígena, eu também penso no negro, na mulher, na criança e eu consigo ter a humanização dentro do meu ambiente hospitalar e isso é positivo para as respostas em todas as redes”.
Fonte agencia.ac.gov.br