Por Miguel França
O governo do Acre, em parceria com a Prefeitura de Rio Branco, intensifica as ações de assistência às famílias desabrigadas pela cheia do Rio Acre na capital. No Parque de Exposições Wildy Viana, equipes atuam para garantir acolhimento, segurança e acesso a serviços essenciais para os atingidos, com as ações estaduais focadas nas comunidades indígenas.

No abrigo indígena, um atendimento diferenciado é realizado para respeitar a cultura e as necessidades específicas desse público. Segundo a diretora da Secretaria de Povos Indígenas (Sepi), Nedina Yawanawa, o primeiro contato é feito por equipes especializadas, que realizam o acolhimento, muitas vezes na língua materna, e iniciam o processo de triagem.

“Identificamos quantas famílias chegaram, se há crianças, idosos ou pessoas com necessidades especiais, e encaminhamos para os espaços organizados. Também fazemos um levantamento das demandas específicas para buscar apoio das secretarias responsáveis”, explica.
A Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH) tem papel fundamental no suporte aos abrigados. A secretária adjunta da pasta, Amanda Vasconcelos, destaca que sua equipe acompanha diariamente a situação das famílias, garantindo alimentação adequada e monitoramento das necessidades.

“Desde o início, a SEASDH, com a Defesa Civil e a Casa Civil, tem atuado no abrigo indígena, fazendo adaptações para respeitar os costumes das comunidades. Instalamos caixas d’água nos banheiros, organizamos o revezamento de técnicos da secretaria e elaboramos um cardápio alinhado às tradições alimentares indígenas”, diz Amanda.

Além disso, a secretaria realiza a triagem das famílias e mantém um banco de dados atualizado com informações sobre a quantidade de pessoas, crianças e possíveis necessidades especiais. Caso sejam identificadas demandas específicas, como questões de saúde, são feitos os encaminhamentos necessários.

Entre os indígenas abrigados no Parque de Exposições está Nadin Nascimento Kaxinawá; este nome, “Nadin Nascimento”, foi imposto a ele pelo “homem branco”, como forma de identifica-lo. Ele conta que há duas semanas está em Rio Branco com a família e precisou deixar a casa onde estava hospedado devido à enchente; agora aguarda para retornar à casa para, enfim, voltar para a aldeia.

“Eu vim para resolver minha documentação. Já estou há duas semanas aqui em Rio Branco, esperando esse processo. Enquanto isso, estou no abrigo com minha neta, minha filha e minha família. Minha neta estuda aqui na capital, está terminando os estudos e a faculdade. Mas agora, com essa alagação, tivemos que sair e não sabíamos para onde ir”, relata.
Nadin destaca que, apesar do impacto da cheia, tem encontrado no abrigo um espaço organizado e seguro. “A organização está boa, tem comida, apoio para dormir, e tudo está tranquilo. Eles nos orientam sobre como manter tudo limpo e organizado”, afirma.

Atualmente, 16 famílias indígenas, totalizando 65 pessoas, estão no abrigo. O Corpo de Bombeiros tem atuado no resgate e transporte dessas pessoas, garantindo um deslocamento seguro. “Muitas famílias chegam assustadas, mas se sentem mais seguras ao encontrar um ambiente preparado para acolhê-las”, destaca Nedina Yawanawa.

O governo do Estado e a Prefeitura seguem monitorando a situação e reforçando as ações de apoio, garantindo dignidade às famílias afetadas pela alagação.
Fonte agencia.ac.gov.br