Por Miguel França
O Instituto de Terras do Acre (Iteracre) tem a responsabilidade de atuar na política agrária do Estado. O objetivo do órgão é executar e promover a regularização, ordenação e reordenação fundiária rural, a utilização das terras públicas e devolutas, o cadastramento rural e a mediação de conflitos pela posse da terra.
O governo do Acre vem fomentando uma política de regularização fundiária desde 2001, com a criação do Instituto de Terras do Acre, por meio da lei nº 1.373, de 2 de março de 2001. O Iteracre é uma entidade autárquica, vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Regional (Sedur), segundo a lei nº 355.
Com personalidade jurídica de direito público interno e patrimônio próprio, com sede e foro em Rio Branco, e três escritórios regionais no interior, sendo um na regional do Juruá, outro na regional do Tarauacá-Envira e na regional do Alto Acre, é regido pelo decreto nº 6.866, de 26 de maio de 2017, que instituiu o estatuto interno da instituição.
A importância da regularização fundiária
A regularização fundiária consiste no conjunto de medidas jurídicas, urbanísticas, ambientais e sociais que visam à regularização de assentamentos irregulares e à titulação de seus ocupantes, de modo a garantir o direito social à moradia, o pleno desenvolvimento das funções sociais da propriedade e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
A ilegalidade da ocupação de áreas e a falta de regularização fundiária impedem ao Estado oferecer os serviços de políticas públicas como saneamento básico e acesso a créditos, e os moradores consequentemente recorrem a formas precárias de ocupação, gerando riscos à saúde e poluição ao meio ambiente.
Para compreender a importância econômica e social da regularização fundiária é preciso entender que o processo está intimamente ligado à regularização ambiental (e também urbanística, no caso de imóveis urbanos) da propriedade, em virtude de que um não pode existir sem o outro.
As principais ações do Iteracre em 2023
Atendendo a importância da regularização fundiária, o Iteracre conquistou grandes realizações nos principais municípios do estado no ano passado. Para além da criação do Programa Minha Terra de Papel Passado, do programa Igreja Legal – que tem como objetivo a regularização fundiária dos terrenos das entidades religiosas, sem distinção de credo -, também foi criado o projeto Iteracre na Sua Casa, que tem como objetivo a entrega de títulos definitivos na casa do beneficiários que sofrem de comorbidades, idosos e deficientes.
Outra conquista foi que, em maio passado, o Iteracre e a Secretaria de Estado de Produção e Agronegócio (Sepa), trabalharam em conjunto para efetivar a concessão de registros de títulos definitivos de produtores dos polos agroflorestais Xapuri I e II, em Xapuri.
Em Feijó, mais de mil famílias foram beneficiadas pelo governo do Acre com títulos de regularização fundiária. Em parceria com o Poder Judiciário, a cerimônia de entrega dos títulos, pelo Programa Minha Terra de Papel Passado, simbolizou um investimento de mais de R$ 6 milhões e contou com a presença do governador Gladson Cameli, autoridades e os beneficiários.
Entre as beneficiadas com o título estava Maria Lisete da Silva. Moradora do bairro Esperança I há 30 anos, ela lembrou que quando ali chegou “tudo ainda era mato”. E complementou: “É uma garantia. Eu posso passar para os meus filhos, sem medo de interferência. Está no meu nome. É meu. Está registrado no cartório. Tenho muita gratidão, porque é um privilégio, uma conquista, um orgulho que não tem tamanho”, contou, tomada de felicidade.
Na Semana Nacional da Regularização Fundiária, realizada em agosto passado, o governo entregou 886 títulos definitivos, em Cruzeiro do Sul. As famílias residentes no Conjunto Mâncio Lima, região urbana de Cruzeiro do Sul, e nas vilas Lagoinha e Santa Rosa, zona rural do município, foram agraciadas com a ação, com um investimento na ordem de R$ 5 milhões, fruto de recurso próprio da gestão do Estado.
“Uma das grandes prioridades desta gestão é avançar com o programa de regularização fundiária, é levar cidadania para quem vive e cuida das nossas terras, ajudando a preservar e a construir um Brasil e um Acre cada vez mais prósperos. Por isso, reforço o pedido ao BID, para que continue nos apoiando com a entrega de novos títulos”, destacou o governador.
O pedido do governador foi feito em encontro entre o Consórcio Interestadual da Amazônia Legal (CAL) e o BID, na COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes, para tratar de assuntos de interesse dos estados que compõem a Amazônia Legal – Pará, Acre, Amazonas, Rondônia, Amapá, Mato Grosso, Roraima, Tocantins e Maranhão – bem como para celebrar a conquista do Brasil em sediar a COP30, que terá como sede o estado do Pará, em 2025.
E, fechando com chave de ouro, o Instituto de Terras do Acre foi convidado a compor o grupo de trabalho que apresentará uma proposta para a construção de um regramento nacional de regularização fundiária, para uniformizar procedimentos e agilizar os processos de registro. O governo do Acre é o único do país a compor o grupo e representará todos os demais estados da federação.
Para o ano de 2024
A presidente do Iteracre, Gabriela Câmara, relembra que a regularização fundiária é um processo administrativo complexo, que passa por várias instituições integradas ao instituto, que viabilizam o título definitivo. “Em 2024, estaremos atuando em campo. Nossa equipe técnica já está em alguns bairros de Rio Branco: Vila Albert Sampaio, Estrada Aquiles Peret, Irineu Serra, Rui Lino, Universitário, Vitória, Eldorado, Wanderley Dantas e Santa Helena”, afirma.
Dessa forma, o Iteracre está assumindo o compromisso, por meio da determinação do governador Gladson Cameli, de entregar, até março deste ano, 3.160 títulos na capital, ou seja, 82.567 quilômetros de terras rurais regularizadas.
E, até o fim do ano, a objetivo é entregar dez mil títulos em todo o estado, com foco nos municípios de Senador Guiomard, Plácido de Castro, Epitaciolândia, Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves e Tarauacá.
Fonte agencia.ac.gov.br