A semana que passou serviu para que o Acre completasse o primeiro ciclo de um acordo comercial com a China que poderá resultar na injeção de R$ 1 bilhão em infraestrutura e logística, para exportação e importação entre os dois países via Oceano Pacífico. O que no passado parecia ser algo tão distante quanto o próprio país asiático, hoje começa a se tornar realidade, e que deve mudar, definitivamente, o panorama econômico e geográfico do Acre, e de todos os demais estados da Amazônia e dos países no entorno.
Os primeiros passos do novo Governo Gladson Cameli começaram bem antes, mais precisamente na manhã do dia 23 de março, numa reunião na Superintendência de Desenvolvimento Econômico e Infraestrutura (Sedi) em Rondônia, onde que tratou de novas possibilidades de investimento nas potencialidades do estado por países interessados na expansão de mercado, sobretudo a China. E estiveram imbuídos nesta trajetória o diretor para a Amazônia da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Sérgio Araújo, a gerente de assuntos internacionais da Sedi, Elisângela Lima, a diretora da Secretaria de Fazenda do Acre, Wanessa Brandão, e o secretário de Produção e Agronegócio do Acre, Paulo Wadt.
O beneficiamento do bambu, do açaí e da madeira do Acre, produtos que devem ser explorados como integrantes do pacote de investimentos no estado, são alguns dos principais produtos que constam nos protocolos assinados em Shandong, uma das principais províncias chinesas, na costa do Mar de Bohai, golfo localizado ao norte do Mar Amarelo. Foi lá que o governador Gladson Cameli fechou os principais acordos que vão permitir impulsionar o Acre com a possibilidade de geração de até 20 mil empregos diretos na Zona de Processamento de Exportações, a ZPE, em Senador Guiomard (município a 25 quilômetros de Rio Branco).
Mas um dos principais assuntos de interesse do Acre em relação ao comércio chinês é o aproveitamento de algumas madeireiras do estado, cujas instalações estão desativadas ou operando em baixa capacidade, principalmente devido ao interesse do país asiático nesse mercado.
Abaixo veja os tópicos principais do que aconteceu na China sobre o Acre
* O governador e a sua comitiva participaram do Seminário Empresarial Brasil-China: 45 anos construindo laços bilaterais;
* O presidente Xi Jinping e o primeiro-ministro, Li Keqiang demonstraram interesse no portfólio apresentado pelo Governo do Acre, contendo as potencialidades regionais de comércio e a atual situação da Estrada do Pacífico, tanto no lado brasileiro quanto no Peru, onde ela recebe o nome de Interoceânica;
* O próprio presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, ressaltou aos dirigentes chineses que o Acre é o estado fundamental para um novo ciclo nas importações e exportações entre os dois países;
* A posição estratégica do estado para receber novos investimentos na área de infraestrutura aeroportuária, rodoviária e de logística de produtos em grande escala foi ressaltada a 350 pessoas, entre ministros de estados, autoridades chinesas, secretários de agências de desenvolvimento econômico, deputados, senadores e empresários;
* O governador Gladson Cameli mencionou o complexo Peixe da Amazônia, fechado por causa de uma série de ingerências da administração passada, como uma possibilidade de ser explorado pelos chineses, sugerindo um prazo de sete meses como experiência comercial. Cameli foi o único governador a participar da comitiva brasileira;
* O presidente Xi Jinping reconheceu o Brasil como um gigante na área de produção de grãos e disse que seu governo está aberto a trabalhar também na área de pesquisa e de desenvolvimento de tecnologias com órgãos brasileiros como Embrapa e Petrobras, para juntos reforçarem ainda mais os laços econômicos e sociais;
* Cerca de 40 empresários chineses demonstram interesse em investir no estado. A proposta envolve a instalação de modernas fábricas e um centro comercial na ZPE. Com a industrialização, sobretudo, de equipamentos e componentes eletrônicos, a intenção do acordo é fazer do Acre um centro exportador para os demais países da América Latina, Caribe e nações asiáticas. Sob orientação do Governo do Estado, os empresários chineses serão responsáveis pela administração da ZPE;
* Geograficamente, o Acre é o estado brasileiro mais próximo da China. Com o futuro acordo comercial, a produção chinesa poderá chegar por meio do oceano Pacífico, desembarcar nos portos peruanos e seguir para o Brasil pela Estrada do Pacífico. Com o estabelecimento desta rota, será possível encurtar o tempo de viagem em até 14 dias, em comparação com o trajeto feito até os portos das regiões Sul e Sudeste do país.
Por: Resley Saab