Nos últimos anos os produtores de mandioca em Cruzeiro do Sul têm enfrentado grandes desafios com a lagarta Mandarová (Erinnys ello), uma praga conhecida por devastar plantações ao desfolhar as plantas, afetando a produtividade e a qualidade da mandioca. Na safra anterior, a infestação foi severa, resultando em uma perda de aproximadamente 50% da produção de mandioca, impactando significativamente os agricultores e a economia local. A prefeitura de Cruzeiro do Sul tem atuado conjuntamente com órgãos de pesquisa e ensino para minimizar os impactos da praga nos roçados.
A prefeitura de Cruzeiro do Sul realizou nesta quinta-feira, 31, um dia de campo de combate à praga da lagarta Mandarová na cultura da mandioca para os produtores rurais . O evento, realizado na quadra coberta do Ramal 3, contou com o apoio da Universidade Federal do Acre/ Ufac,Instituto Federal do Acre – Ifac, Embrapa, Senar, Idaf, Seagri e Sebrae. Com foco no manejo e mitigação dos efeitos destrutivos dessa praga, o encontro proporcionou informações essenciais aos produtores da região evidenciando a importância de união de esforços entre produtores, instituições acadêmicas e órgãos municipais para enfrentar um problema que afeta diretamente a economia e a cultura local. Foram repassados conhecimentos necessário para que eles monitorem e reajam precocemente aos ataques da praga com o uso de armadilhas luminosas e técnicas de controle biológico.
O Secretário Municipal de Agricultura, Eutimar Sombra, destacou a importância dessa iniciativa devido às severas perdas sofridas no ano passado
“O dia de campo que organizamos é baseado nos problemas que tivemos no ano passado. Segundo a Embrapa, as perdas na cultura da mandioca em todo o Acre ultrapassaram 200 milhões de reais,” salientou o secretário, ressaltando o impacto financeiro significativo na agricultura local. Ele acrescentou que o evento visa “trabalhar na prevenção, que é mais acessível e causa menos prejuízo aos produtores.”
O Professor doutor Luiz Farinatti, da Ufac, ressaltou a relevância das parcerias entre instituições e o apoio técnico para os produtores. “A orientação do produtor faz com que a gente comece também a estar presente nos locais, fazendo com que o produtor minimize o prejuízo, ou seja, reduza a infestação, reduz o poder do ataque e consiga com isso ter maior rentabilidade da sua roça”, explicou
O técnico agrícola, Rodomir Cavalcante, explicou o uso da armadilha luminosa como método de prevenção, destacando a sua eficácia para o controle da mariposa, que é atraída pela luz. “O produtor, identificando a presença da mariposa, vai fazer a armadilha luminosa, como já foi dito, porque ela é atraída pela luz. Aí você montando uma armadilha luminosa próximo ao roçado, você vai diminuir significativamente a infestação do mandarová,” explicou Cavalcante. Ele detalhou que a armadilha impede a reprodução das mariposas, pois “cada mariposa deixa de botar 1.800 ovos na planta de mandioca” ao ser capturada, reduzindo consideravelmente o prejuízo potencial.
Fábio Júnior de Oliveira, presidente da Associação dos Moradores do Ramal 8, enfatizou a importância do conhecimento adquirido durante o evento para os produtores locais. “É importante esse trabalho de hoje que a Secretaria de Agricultura vem fazer com a gente aqui, porque a gente não tinha tanto conhecimento. Então, é fundamental que a gente, nós que somos produtores rurais e vivemos da farinha, tenhamos conhecimento para combater essa praga da lagarta,” declarou Oliveira. Ele destacou que as orientações recebidas incentivam os produtores a fazer visitas regulares às suas plantações para monitorar os primeiros sinais da praga, explicando que “hoje a gente já tem o conhecimento. Pediram para que, pelo menos uma vez por semana, a gente vá ao nosso roçado e analise os ovos da lagarta da Mandarová para combatê-las logo no início”, enfatiza.
Francisco Araújo de Souza, conhecido como Euclides e presidente da Associação do Ramal do Darcy, refletiu sobre a importância do aprendizado para proteger as novas plantações, apesar das perdas significativas “ É muito importante o aprendizado que a gente teve, porque temos muita roça nova plantada. Serve para a gente proteger o novo produto em que estamos investindo,” afirmou Euclides.
Ian Bezerra, acadêmico de agronomia da Universidade Federal do Acre, comentou sobre o valor do contato direto com os produtores e a praga para o aprendizado dos alunos. “É bem importante a gente estar em contato com o produtor e com a praga também, para que assim a gente possa aprender mais e mais,” explicou Bezerra. Ele ressaltou que esse contato permite que os estudantes entendam melhor a realidade prática do campo, já que “na parte teórica, em alguns assuntos como este, não é muito viável que a gente estude só a parte teórica.” Segundo ele, a interação com os produtores também ajuda a criar um entendimento mútuo, destacando que “tendo essa conversa direta com o produtor, a gente vai entender o pensamento deles, pra que assim a gente possa chegar em um consenso, para que ambas as partes possam ter os resultados esperados, que é o controle da praga.”
Wilson Oliveira, presidente da Associação do Ramal do Zé Alves, enfatizou a importância da prevenção como estratégia de combate à praga e o valor do apoio da gestão municipal. “Prevenir é a melhor forma que você tem hoje para combater as pragas e o conhecimento salva”, relatou
A ação conjunta, fortalecida pela troca de experiências e pelo compromisso de disseminar o aprendizado, representa um passo significativo na proteção da cultura da mandioca e na garantia da produção de farinha de mandioca, essencial para a economia de Cruzeiro do Sul e sua identidade.