Numa manhã que marcou a história da cidade de Brasileia, o governador Tião Viana e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participaram nesta segunda-feira, 30, do encerramento do Primeiro Encontro de Cadeias Produtivas Sustentáveis do Alto Acre.
O evento reuniu milhares de pessoas, principalmente pequenos e médios produtores rurais, que discutiram os avanços do agronegócio no Acre aliado à responsabilidade ambiental, além de marcar a inauguração do frigorífico de suínos Dom Porquito.Considerado o presidente que mais ajudou o Acre a encontrar um caminho de valorização e desenvolvimento, Lula falou para a multidão com o coração cheio de carinho pelo estado.
“Não nasci no Acre, mas estou neste estado desde 1979. E o fato de eu ter sido condenado aqui junto com Chico Mendes por prestar solidariedade ao Wilson Pinheiro [assassinado em Brasileia por defender os povos da floresta] me fez sentir um pouco acreano. Este estado nasceu de luta, e por isso este é um povo diferente”, disse.
Durante dois dias os produtores rurais da região puderam acompanhar de perto os avanços das cadeias produtivas, conhecendo as garantias que as indústrias dos diversos setores estão dando para o futuro do Acre.
O Primeiro Encontro das Cadeias Produtivas do Alto Acre é realizado pelos governos do Estado e federal, com apoio da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), Agricultura e Pecuária do Acre (Faeac) e Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Para o governador Tião Viana, ver a consolidação do Alto Acre no campo do agronegócio é um sonho realizado e faz parte da proposta do plano de governo de fortalecer as cadeias produtivas, desde os grandes empresários até os pequenos produtores.
“As regiões que mais crescem no Brasil, hoje, são o Norte e o Nordeste. Nós fizemos questão de pedir a presença do ex-presidente Lula aqui porque ele é a história viva do Brasil. E o Alto Acre nunca mais será o mesmo depois de hoje, porque consolida suas cadeias produtivas. Uma crise não assusta quem é trabalhador. Brasileia daqui para frente é progresso e desenvolvimento para todo o Alto Acre”, disse Tião Viana.
A era da suinocultura no Alto Acre
Considerado pela Associação Brasileira de Suínos o mais moderno em tecnologia do Brasil, o frigorífico Dom Porquito inicia suas atividades gerando 300 empregos diretos, podendo chegar a mais de mil quando alcançar o auge.
Os investimentos só no frigorífico foram de R$ 62 milhões, enquanto o complexo todo já englobou R$ 85,1 milhões, numa parceria pública-privado-comunitária. O abate de suínos começará a uma média de 300 por dia.
A indústria já tem contratos fechados com Hong Kong, Peru, Bolívia e Vietnã, além do mercado local. A mercadoria será exportada por meio da BR-317, a Rodovia Transoceânica.
Contatos e prospecção de negócios estão sendo feitos com a China, Coreia do Sul, Cuba e Rússia. O frigorífico também gera uma cadeia de oportunidades, como a produção de milho, a venda da farinha de carne e ossos, provenientes dos animais abatidos, para a ração dos animais e a necessidade de novos galpões de engorda do suíno, gerando renda para o agricultor familiar.
Bastante emocionado com a realização de um sonho, o sócio majoritário da Dom Porquito, Paulo Santoyo, relata: “É um desafio construir um frigorífico no meio da Amazônia, e queria dizer que esse foi construído com mão de obra 100% acreana. Quero agradecer a todo o governo do Acre pelo esforço imensurável para chegarmos até este dia. A Dom Porquito é um presente para o povo acreano, para aqueles que querem sonhar e mudar de vida.
A comunidade rural do Alto Acre entra na cadeia com o processo de engorda dos animais. Já estão em operação 55 unidades de engorda de suínos por meio de pequenos produtores rurais. E a Dom Porquito possui uma granja referência, com capacidade de alojamento para 500 suínos por ciclo de engorda de 90 dias. A meta da empresa é chegar a 100 produtores integrados, que vão suprir a unidade industrial para o abate de 800 animais/dia.
Geração de renda para os pequenos produtores
O produtor Gleidison dos Santos é um exemplo desta parceia. Antes de apostar na suinocultura, ele e a família viviam da criação de gado e da agricultura de subsistência, até entrar no projeto proposto pelo governo do Estado.
O produtor teve acesso a crédito para financiar os equipamentos do galpão construído pelo governo, com capacidade para fazer a engorda de até 500 suínos. “Hoje nosso sentimento é de gratidão por ter aparecido essa oportunidade. Dá pra sonhar em ter algum bem, até fazer um consórcio de um carro porque hoje a gente pode dizer que tem uma renda fixa. Isso está me animando”, expressa.
Lula no Acre
Para o ex-presidente Lula, observar o Acre mudar tanto resulta principalmente num sentimento de orgulho:
“Você convencer um empresário do Sul ou Sudeste do Brasil a abrir uma empresa no Norte é muito difícil. Durante muito tempo imaginamos o Acre como um estado extrativista, e parecia que era proibido falar de desenvolvimento. Por isso, Tião Viana, eu queria lhe dar o parabéns, porque você tem uma visão de empreendedorismo que não pode parar mais”, ressalta o ex-presidente.
Governadores acompanham
“É um prazer muito grande estar de volta a Brasileia, dessa vez comemorando com o povo. A partir de agora, quando eu vir alguém comendo Dom Porquito, vou dizer” ‘É do Acre’. O Brasil e o mundo precisam vir ao Acre para conhecer o que vocês têm feito aqui.” – Wellington Dias, governador do Piauí
“Saio daqui hoje com a consciência mais tranquila de que temos vários ‘Brasis’ e que juntos podemos fazer mais por esse país.” – Marcelo Miranda, governador do Tocantins
Por Samuel Bryan