A extração de óleos vegetais da Amazônia pode se tornar num dos maiores trunfos para mantê-la em pé. O interesse por esses óleos vem se expandindo por todo o planeta. A Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac) vem fazendo um trabalho no sentido de divulgar o potencial desses óleos.
Nesta quarta-feira, acompanhados de Silvia Luciane Basso, pesquisadora e diretora técnica da Funtac, dois italianos, Geovanni Moretti e Paolo Lagagetto, visitaram a fábrica de óleo de Murmuru na comunidade Nova Cintra e a Cooperativa do Igarapé Branco, situada no ramal 3 do Projeto Santa Luzia, ambos na zona rural de Cruzeiro do Sul e ainda a fábrica de extração de óleos no município de Mâncio Lima.
Moretti é um amigo do Acre, desde os tempos de Chico Mendes. É um entusiasta pela preservação da floresta e faz um trabalho de porta voz dos produtos da floresta junto a empresas italianas e suíças. Lagagetto é diretor-industrial da Parodi Nutra, empresa italiana que trabalha apenas com a comercialização de óleos naturais.
A Parodi Nutra, além de comercializar óleos da Amazônia na Europa e Estado Unidos, também pretende montar uma fábrica de refino de óleos em Rio Branco.
Óleos do Juruá
A fábrica de óleos da comunidade Nova Cintra visitada pelos italianos foi montada pelo governo do Estado e entregue à administração da Cooperativa Nova Cintra. A cooperativa tem 29 sócios efetivos e 270 famílias de sócios-coletores espalhados por 52 comunidades ao longo do Rio Juruá, desde Ipixuna no Amazonas até Porto Walter no Acre, que recolhem o coco murmuru.
Neste ano a empresa recebeu dos coletores 5.645 sacas de cerca de 43 quilos com casca. De cada saco de coco, depois de passar por todo o processamento, pode ser extraído entre 2,5 a 3 litros de óleo.
O técnico florestal e diretor-financeiro da cooperativa, José de Lima Queiroz (o Jotinha) explica que, com a atual estrutura de galpões, a fábrica pode beneficiar até sete mil sacas de coco murmuru. O presidente da Cooperativa Rivaldo Pereira da Costa admite que se o mercado do produto aumentar pode ser feito um projeto para ampliação da fábrica. “Matéria-prima nós temos” – disse.
Com o presidente da Cooperativa do Igarapé Branco, Darci Mendes, os italianos obtiveram dados importantes sobre diversos óleos da floreta, época da safra e preços praticados atualmente.
A cooperativa produz de forma artesanal os seguintes óleos: açaí, patoá, buriti, andiroba, cocão, copaíba, tucumã. Segundo Mendes, tendo mercado, a produção pode ser expandida. Ele calcula que a região pode produzir cerca de três toneladas anuais de óleo de açaí e de buriti, duas toneladas de patoá e cocão e uma tonelada de óleo de andiroba e de copaíba.
A fábrica de óleos de extração de óleo de Mâncio Lima – construída pelo governo do estado – produz especialmente óleo de buriti, mas para seu diretor Manoel Bezerra, se houver mercado certo, vários outros vegetais podem ser utilizados para extração de óleos.
Por Flaviano Schneider