Cruzeiro do Sul, AC, 25 de novembro de 2024 22:58

Empresa italiana pretende comprar óleos da floresta

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Cooperativa Nova Cintra produz óleo de murmuru(Foto: Flaviano Schneider)
Cooperativa Nova Cintra produz óleo de murmuru(Foto: Flaviano Schneider)

A extração de óleos vegetais da Amazônia pode se tornar num dos maiores trunfos para mantê-la em pé. O interesse por esses óleos vem se expandindo por todo o planeta. A Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac) vem fazendo um trabalho no sentido de divulgar o potencial desses óleos.

Paolo, Sílvia e Geovanni na balsa de Rodrigue Alves: em busca dos óleos
Paolo, Sílvia e Geovanni na balsa de Rodrigue Alves: em busca dos óleos(Foto:Flaviano Schneider)

Nesta quarta-feira, acompanhados de Silvia Luciane Basso, pesquisadora e diretora técnica da Funtac, dois italianos, Geovanni Moretti e Paolo Lagagetto, visitaram a fábrica de óleo de Murmuru na comunidade Nova Cintra e a Cooperativa do Igarapé Branco, situada no ramal 3 do Projeto Santa Luzia, ambos na zona rural de Cruzeiro do Sul e ainda a fábrica de extração de óleos no município de Mâncio Lima.

Moretti é um amigo do Acre, desde os tempos de Chico Mendes. É um entusiasta pela preservação da floresta e faz um trabalho de porta voz dos produtos da floresta junto a empresas italianas e suíças. Lagagetto é diretor-industrial da Parodi Nutra, empresa italiana que trabalha apenas com a comercialização de óleos naturais.

A Parodi Nutra, além de comercializar óleos da Amazônia na Europa e Estado Unidos, também pretende montar uma fábrica de refino de óleos em Rio Branco.

Óleos do Juruá

Sócio coletores da Nova Cintra recolhem mais de cinco mil sacas de coco murmuru por safra(Foto: Flaviano Schneider)
Sócio coletores da Nova Cintra recolhem mais de cinco mil sacas de coco murmuru por safra(Foto: Flaviano Schneider)

A fábrica de óleos da comunidade Nova Cintra visitada pelos italianos foi montada pelo governo do Estado e entregue à administração da Cooperativa Nova Cintra. A cooperativa tem 29 sócios efetivos e 270 famílias de sócios-coletores espalhados por 52 comunidades ao longo do Rio Juruá, desde Ipixuna no Amazonas até Porto Walter no Acre, que recolhem o coco murmuru.

Neste ano a empresa recebeu dos coletores 5.645 sacas de cerca de 43 quilos com casca. De cada saco de coco, depois de passar por todo o processamento, pode ser extraído entre 2,5 a 3 litros de óleo.

O técnico florestal e diretor-financeiro da cooperativa, José de Lima Queiroz (o Jotinha) explica que, com a atual estrutura de galpões, a fábrica pode beneficiar até sete mil sacas de coco murmuru. O presidente da Cooperativa Rivaldo Pereira da Costa admite que se o mercado do produto aumentar pode ser feito um projeto para ampliação da fábrica. “Matéria-prima nós temos” – disse.

Darci Mendes mostra o óleo de buriti(Foto: Onofre Brito)
Darci Mendes mostra o óleo de buriti(Foto: Onofre Brito)

Com o presidente da Cooperativa do Igarapé Branco, Darci Mendes, os italianos obtiveram dados importantes sobre diversos óleos da floreta, época da safra e preços praticados atualmente.

A cooperativa produz de forma artesanal os seguintes óleos: açaí, patoá, buriti, andiroba, cocão, copaíba, tucumã. Segundo Mendes, tendo mercado, a produção pode ser expandida. Ele calcula que a região pode produzir cerca de três toneladas anuais de óleo de açaí e de buriti, duas toneladas de patoá e cocão e uma tonelada de óleo de andiroba e de copaíba.

A fábrica de óleos de extração de óleo de Mâncio Lima – construída pelo governo do estado – produz especialmente óleo de buriti, mas para seu diretor Manoel Bezerra, se houver mercado certo, vários outros vegetais podem ser utilizados para extração de óleos.

Por Flaviano Schneider