Por Gledisson Albano
A doença da paca, também conhecida como hidatidose neotropical ou equinococose neotropical, é uma infecção causada por um parasita chamado Echinococcus vogeli, que pode afetar o fígado, o pulmão e outros órgãos dos seres humanos. Essa doença é transmitida principalmente pela ingestão de alimentos ou água contaminados com fezes de cães que se alimentaram de vísceras cruas de pacas infectadas.
Segundo a Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), quase 90 casos suspeitos da doença foram registrados em moradores de Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves e Mâncio Lima, no Vale do Juruá. Esses casos estão sendo investigados pela Sesacre e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que realizaram capacitações de profissionais de saúde e educação nas comunidades afetadas para orientar sobre os sintomas, o diagnóstico, o tratamento e a prevenção da doença.
Os sintomas da doença da paca podem variar de acordo com o órgão afetado, mas geralmente incluem emagrecimento, febre, náuseas, vômitos, diarreia, sensação de distensão abdominal, dor na região do fígado e aumento do volume do abdômen. Em alguns casos, podem ocorrer complicações graves, como ruptura do cisto parasitário, hemorragia interna, infecção secundária e choque anafilático.
O diagnóstico da doença é feito por meio de exames de sangue, de imagem e de biópsia, que são enviados para o laboratório da Fiocruz no Rio de Janeiro, único no país que realiza esse tipo de análise1. O tratamento consiste no uso de medicamentos antiparasitários, como o albendazol, e, em alguns casos, na cirurgia para a retirada do cisto.
A prevenção da doença da paca envolve medidas simples, mas eficazes, como evitar o consumo de carne de paca crua ou mal cozida, lavar bem as mãos e os alimentos antes de comer, tratar os cães com vermífugos periodicamente e não oferecer a eles vísceras cruas de animais silvestres. Além disso, é importante procurar um serviço de saúde caso apresente algum dos sintomas da doença e seguir as orientações dos profissionais de saúde.
A doença da paca é uma infecção grave, mas que pode ser evitada e tratada. Por isso, é fundamental que os moradores de Cruzeiro do Sul e das demais cidades do Vale do Juruá estejam atentos e informados sobre essa doença, que representa um risco para a saúde pública e para a preservação da fauna regional.