Xapuri vai precisar ser reconstruída quando rio baixar, acredita prefeito.
Rio invadiu casas, órgãos públicos, hospital e casa de Chico Mendes.
“É uma situação de desespero”. Assim define o prefeito de Xapuri (AC), Marcinho Miranda sobre a enchente histórica enfrentada pelo município. A cidade, de pouco mais de 16 mil habitantes, teve boa parte da área urbana invadida pelas águas dos rios Acre e Xapuri. Ruas, casas, praças, terminal rodoviário, hospital, comércios e órgãos públicos instalados na região central do município, além da casa e do Centro de Memória Chico Mendes foram tomados pelas águas. (Veja mais fotos).
Neste sábado (28), o Rio Acre começou a apresentar sinais de vazante e saiu da marca de 18,29 metros para 17,78 metros, às 6h. Nos próximos dias, a cidade deve enfrentar outro desafio: reconstruir o que foi devastado pela força da natureza.
“A cidade está passando por uma situação jamais vista antes. É uma situação de desespero. Apesar de tudo isso , a população foi muito solidária, todos foram prestativos ajudando na remoção das famílias. Todos os órgãos e a prefeitura deram as mãos para atender essas pessoas de forma mais ética”, afirma o prefeito Marcinho Miranda.
São 13 abrigos, entre escolas e órgãos públicos, utilizados pela equipe da Defesa Civil para abrigar os moradores atingidos pela enchente, um total de 1.977 pessoas, sendo 143 famílias desabrigadas e 561 desalojadas. De acordo com a prefeitura do município, os prejuízos causados pela enchente são incalculáveis.
Com a visita do governador do estado, Tião Viana, e do ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, na sexta-feira (27), Miranda revela que espera receber ajuda do governo o mais breve possível. “Recebemos a visita do ministro e ele nos deixou esperançosos. Esperamos que o governo nos ajude a reconstruir a cidade, os prejuízos são incalculáveis, então, espero a liberação de recursos para os próximos dias”, conta.
Morador de Xapuri há 30 anos, o mecânico Jonas Flores, conta que essa é primeira vez que as águas do rio invadem todo o Centro da cidade. Ele mora na parte alta da cidade, mas seu comércio ficou submerso.
“Quando as águas baixarem é que veremos os prejuízos deixados pela enchente. Perdi algumas coisas no comércio, fiquei com um prejuízo de uns R$ 5 mil em mercadoria. Agora é recomeçar”, conta. O morador revela ainda que sua fazenda, localizada na zona rural da cidade, também foi invadida pela enchente, e ele perdeu animais e plantações.
A dona de casa Maria Lenice, de 38 anos, chega dentro de uma pequena canoa com uma sacola plástica nas mãos. Dentro, há documentos dela e do esposo, que tinham ficado amarrados no teto da casa. Proprietária de um bar, que também foi invadido pela água, a dona de casa diz que para não perder os documentos, amarrou-os dentro de uma sacola e prendeu no local mais alto da casa.
“Fui retirar meus documentos e algumas bebidas que tinha dentro do bar. Essa foi a primeira vez que a água chegou na minha casa, foi tudo muito rápido deu tempo de retirar apenas alguns móveis”, conta
Alojados em um dos abrigos montados na cidade, o casal de aposentados João Batista, de 69 anos, e Sebastiana Tomé, de 63 anos, conta que há mais de oito dias que sua casa está embaixo d’água. Preocupados com a estrutura da residência, o casal afirma que só saiu de casa porque a água cobriu o teto.
A aposentada Sebastiana Tomé lembra com tristeza o momento que precisou sair de casa e deixar quase tudo para trás. “É a primeira vez que passo por um sofrimento desse, perdi cama, guarda-roupa de seis portas, pia, jogo de mesa e sofá, tudo destruído”, desabafa.