Não é só a epidemia de dengue que assola o município de Cruzeiro do Sul (AC). A cidade, conhecida como a ‘Princesinha do Juruá’, também vem sofrendo com o aumento do número de casos de leptospirose.
De acordo com os dados apresentados pela Secretaria Municipal de Saúde, desde janeiro de 2014, até o início deste ano, foram registrados 216 casos da doença. Destes, somente no ano passado, 59 casos foram diagnosticados em reeducandos do Presídio Manoel Nery da Silva. Em 2014 ocorreram dois óbitos, sendo o de um reeducando e outro de uma jovem de 13 anos, moradora do bairro Miritizal.
Segundo a coordenadora do setor de vigilância epidemiológica da Prefeitura de Cruzeiro do Sul, Milena Lopes, os bairros com maiores incidência da doença são os da Várzea, com 24 casos, e o do Telégrafo, com 15. Ela ressalta que o aumento do índice da doença acontece exatamente em razão das notificações do surto de dengue.
“A doença continua sendo monitorada, como foi feito nos anos anteriores. A maior parte dos diagnósticos positivos foram em pessoas que procuraram as unidades de saúde com sintomas semelhantes aos da dengue. Isso porque, ao fazer o exame da dengue, também é feito automaticamente o de leptospirose. Por isso, apareceram mais casos. É uma doença que, para diagnóstico, precisa da suspeição médica e, com a dengue, o Lacen/AC faz o diferencial, fazendo os dois exames. De setembro do ano passado até hoje, observamos uma redução de casos de dengue no município, com isso também reduziu o caso de leptospirose”, pontuou.
Após procurar o posto de saúde com suspeita de dengue, a dona de casa Maria Elizabeth Lino de Jesus, de 46 anos, descobriu que tinha contraído leptospirose. “Os sintomas são muito parecidos. Eu sentia muita dor nos olhos, cabeça, no corpo inteiro e também febre, além de uma dor intensa na perna. Fui para o posto pensando que estava com dengue, quando fiz o exame para as duas doenças acabei descobrindo que estava com leptospirose. Com o resultado dos exames, o médico receitou o tratamento e tomei os remédios”, destacou a dona de casa.
A leptospirose é uma doença que se apresenta em regiões de baixa condição de saneamento. Segundo Milena Lopes, a prevenção exige alguns cuidados básicos, evitando o contato com o maior transmissor da doença, o rato.
“Apesar dos sintomas serem muito parecidos com os da dengue, a leptospirose tem uma clínica bem sugestiva e clássica que é a dor na panturrilha. Entretanto, toda pessoa que apresentar síndrome febril deve suspeitar da dengue, sem descartar a leptospirose. A pessoa deve evitar o contato com águas e lamas contaminadas pela leptospira, presente na urina do rato, que em nossa região é conhecido por ratazana, por ser maior. O alerta para a população, principalmente das áreas ribeirinhas é, ficar atento e prevenir o contato com as águas, nas cheias e vazantes do rio”, alertou a coordenadora.
O material para exame que pode diagnosticar a doença é coletado em Cruzeiro do Sul e enviado para o Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública), em Rio Branco. O antibiótico utilizado no tratamento da doença é disponibilizado nas unidades de saúde, após o diagnóstico dos médicos. Com a elevação das notificações da doença, os profissionais médicos tiveram que passar por uma capacitação.