Referência no mundo, o programa brasileiro de combate ao HIV/Aids enfrenta novos desafios, com a volta do crescimento do número de infectados. No último episódio doDiálogo Brasil antes da programação especial de fim de ano, na segunda-feira 17, a diretora do Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), HIV/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken, chama a atenção para a vulnerabilidade dos homens homossexuais com idade entre 15 e 21 anos, que não estariam se protegendo. Segundo ela, mesmo jovens bem informados ainda precisam ser convencidos a usar meios de prevenção.
Outra convidada do programa, a infectologista Valéria Paes, do Hospital Universitário de Brasília, lembra que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece várias formas de prevenção para o sexo seguro, todas gratuitas. A médica observa, porém, que meninas costumam ter o hábito de fazer consultas médicas, mas os meninos se sentem “super-heróis curtindo a vida”. E acrescenta mais um alerta sobre outra parcela da população: as mulheres com mais de 60 anos, que, segundo ela, têm feito pouco uso dos preservativos. Valéria propõe uma campanha de esclarecimento mais intensa na internet, com informações confiáveis.
As duas convidadas consideram que os tabus, estigmas e preconceitos em relação ao tema ainda são elevados, inclusive em unidades de saúde, o que Adele Benzaken apontou como um dos desafios presentes. A infectologista Valéria Paes lembrou que pessoas trans muitas vezes sofrem constrangimento até para se apresentarem. Além da conscientização, uma medida que pode ajudar a enfrentar essa dificuldade é a distribuição de autotestes na rede pública, o que começa a ser feito já em janeiro, com o programa brasileiro de combate ao HIV/Aids mais uma vez se pondo na vanguarda, como primeiro do mundo a adotar a prática.
Numa participação por vídeo, o cineasta Daniel Souza também manifesta preocupação com o recrudescimento do preconceito. Presidente do conselho da Ação da cidadania, ele é filho do sociólogo e ativista dos direitos humanos Herbert de Souza, o Betinho, e sobrinho do humorista Henfil e do músico Chico Mário, três vítimas da Aids. Os irmãos eram hemofílicos e contraíram o vírus em transfusões de sangue. O programa, apresentado pelo jornalista Maranhão Viegas, ainda exibe um depoimento do presidente da Articulação Nacional de Saúde e Direitos Humanos, Renato da Matta.
Fonte tvbrasil.ebc.com.br