Por Agnes Cavalcante
“Agora me sinto mais segura em procurar atendimento”. A fala é de Tácila Rodrigues, mulher trans que buscava atendimento na Unidade de Referência em Atenção Primária (Urap) Ary Rodrigues, em Rio Branco, nesta quarta-feira, 22, enquanto era instituído um marco no acesso à saúde para o público LGBT+, com o lançamento do novo fluxo de atendimento.
O novo fluxo foi adotado após ser ministrada uma qualificação sobre a abordagem específica para esse público, promovida pela Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) na última semana. A qualificação, cujas orientações já estão em execução, integra as ações que estão sendo desenvolvidas no estado, em atenção à portaria do Ministério da Saúde (MS) que trata sobre um atendimento em saúde de forma integral e plural para o público LGBT+.
“Nós realizamos essa qualificação atendendo ao pedido da Secretaria de Saúde do Município, com a finalidade de orientar os profissionais quanto à abordagem, respeitando as identidades e os pronomes, por exemplo. Evitando que esse paciente sofra qualquer tipo de violência nesse primeiro contato; então lançar esses novos protocolos hoje é muito emocionante, pois isso vai ampliar o acesso à saúde desse público”, enfatizou o chefe do Núcleo de Populações Prioritárias e Vulneráveis da Sesacre, Nakágima Sanllay.
“Esse realmente é um marco na gestão, é o acesso à população LGBTQIA+, em parceria com o Município de Rio Branco, tendo as unidades de saúde como porta de entrada. A gente tem também um ambulatório montado na Policlínica do Tucumã e vamos trabalhar para fazer o reconhecimento dessa população, visto que, até hoje, pela discriminação e estigmatização, a gente sequer tem dados epidemiológicos”, declarou Ana Cristina Moraes, secretária adjunta de Atenção à Saúde.
A Policlínica do Tucumã, em Rio Branco, é a unidade de referência do Estado para esse público, com um ambulatório de especialidades conforme preconiza a portaria do processo transexualizador. No entanto, é na Urap Ary Rodrigues que se deve buscar o primeiro atendimento. Agora, com o novo fluxo de atendimento nas Uraps, pessoas gays, lésbicas, bissexuais e transexuais terão um atendimento com equidade e respeito às especificidades da comunidade LGBT+ e do processo transexualizador. Na capital, os profissionais da UBS Roney Meireles também foram qualificados.
“Eu acredito que tá chegando uma nova geração e é muito importante que haja essa preocupação com a saúde dessas pessoas, que são cidadãos brasileiros, e eles vão ter a oportunidade de começar um tratamento hormonal cedo e poder ter uma vida digna”, comemorou Maria Silva (nome fictício, a pedido da entrevistada), mulher trans que também buscava atendimento médico nesta quarta, 22.