Cruzeiro do Sul, AC, 26 de novembro de 2024 21:40

Acre serve de laboratório para implantação do Pronatec indígena

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Curso resgata o artesanato tradicional puyanawa (Foto: Onofre Brito)
Curso resgata o artesanato tradicional puyanawa (Foto: Onofre Brito)

Os povos indígenas Puyanawa e Katuquina receberam nesta terça-feira a visita de um grupo de profissionais do Instituto Federal do Acre (IFAC) de Cruzeiro do Sul, ligados à execução de cursos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

O motivo foi avaliar os resultados e preparar um documentário sobre os cursos que ora vêm sendo realizados nas aldeias, na modalidade de Pronatec indígena, uma novidade dentro do programa, em que o Acre está servindo de laboratório para expandir a experiência para outras unidades da Federação.

Criado em 2011 pelo Governo Federal, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) já chegou a mais de 70 mil pessoas no Acre com cursos de formação profissional e tecnológica em várias áreas tendo como principais executores o IFAC e o Centro de Formação e Tecnologias do Juruá (Ceflora) que é ligado ao Instituto Dom Moacyr.

Grupo do IFAC/Pronatec avalia cursos realizados nas aldeias puyanawa e katuquina(Foto: Onofre Brito)
Grupo do IFAC/Pronatec avalia cursos realizados nas aldeias puyanawa e katuquina(Foto: Onofre Brito)

A equipe de visitantes foi formada pelos seguintes: Aline Silva, coordenadora adjunta do Pronatec/IFAC no Vale do Juruá; Blenda Moura, coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi); Lídia Gomes Magalhães, orientadora social; Donizete Maia Azevedo, supervisor do curso; Éderson Silveira, professor; Maria José Ricardo, professora e Fabíola Pereira da Paixão, apoio administrativo.

Artesanato e agricultura

Foto: Onofre Brito
Foto: Onofre Brito

Na Terra Indígena (TI) Puyanawa está acontecendo o curso de artesão de artigos indígenas e na TI Katuquina o curso de agricultor agroflorestal, ambos com 200 horas de aula. O curso de artesão está sendo frequentado por 17 índios puyanawas e três nawas enquanto o de agricultura é frequentado por 20 jovens katuquinas, todos alunos do ensino médio.

Luís Nukini(Foto: Onofre Brito)
Luís Nukini(Foto: Onofre Brito)

Para realizar os cursos entre os indígenas, foi fundamental a parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai). O coordenador regional da Funai, Luís Nukini, que acompanhou a visita aos Puyanawa, considera os cursos do Pronatec uma contribuição ao fortalecimento da cultura e da organização interna dos povos indígenas. Ele explica que este processo se iniciou primeiro por uma demanda das próprias comunidades indígenas. Há dois anos aconteceu o fortalecimento da Funai na região e a busca de parcerias com instituições que pudessem atender estas demandas e finalmente aconteceu a parceria com o IFAC-Pronatec.

“O curso está possibilitando aos puyanawa refletir sobre sua história e recordar como foi o artesanato de seus antepassados” atestou.

Davi Puyanawa(Foto: Onofre Brito)
Davi Puyanawa(Foto: Onofre Brito)

O índio Davi Puyanawa tem sido um ícone no que toca ao resgate do artesanato tradicional de seu povo. Ele é formado em Artes na Universidade Federal do Acre (UFAC) e para o seu trabalho de conclusão do curso (tcc) pesquisou e descobriu 35 tipos de artesanato tradicionais e quase totalmente esquecidos na atualidade.

Ele e mais um colega índio foram contratados pelo IFAC para ministrarem o curso. Os artesãos em formação estão aprendendo a tecer com o cipó titica e fazer peças utilizando palha de buriti, fibra de tucum. Dentre os objetos estão cestos, jamaxi, caçoá, balaios, etc.

O cacique Joel Puyanawa(Foto: Onofre Brito)
O cacique Joel Puyanawa(Foto: Onofre Brito)

Para o cacique Joel Puyanawa, o curso chegou na hora certa: “Nosso povo está vivenciando um novo momento da revitalização da cultura e da tradição e vemos com alegria que as pessoas da comunidade querem participar desse resgate”.

Joel conta que a agricultura, especialmente a produção de farinha, é a principal atividade econômica das duas aldeias (Barão e Ipiranga), mas com o desenvolvimento do artesanato poderá sair daí um importante complemento de renda.

Para o curso de agricultor agroflorestal na TI Katukina também foram contatados dois monitores indígenas além de dois professores do IFAC. O curso de agricultor agroflorestal, além de fornecer conhecimentos gerais sobre os sistemas agroflorestais,  procura resgatar e aprimorar as técnicas tradicionais de plantio e manejo da terra.

Poá katuquina(Foto: Onofre Brito)
Poá katuquina(Foto: Onofre Brito)

O líder da aldeia Samaúma, umas das seis existentes na TI Katukina, Poá Katuquina, se disse muito agradecido aos órgãos que propiciaram o curso. Ele, que é agente agroflorestal, considera que depois do curso os jovens vão contribuir muito no trabalho com as comunidades locais.

“Eu sempre digo aos alunos: aproveitem esta oportunidade vocês são jovens e tem muito a aprender pela frente”.

Foto: Onofre Brito
Foto: Onofre Brito

Por: Flaviano Schneider

Da agencia.ac.gov.br