Por Victor Nogueira
Afirmar que o Acre não possui atrativos turísticos é demonstrar desconhecimento, pois, além de a região contar com a oferta de belas paisagens naturais, a atual gestão de governo investiu no crescimento do setor.
Mesmo não sendo como os estados que sobrevivem com lucro de rotas consagradas – inclusive por estarem mais próximos ou acessíveis dos grandes centros urbanos -, o Acre vivenciou uma expansão significativa e controlada em seu turismo, com grande número de pessoas visitando o estado a passeio. Mesmo durante a pandemia, o setor chegou a movimentar mais de R$ 5 milhões, gerando negócios para os estabelecimentos comerciais afins.
Os técnicos da Secretaria de Estado de Empreendedorismo e Turismo (Seet) levaram, aos moradores de áreas distantes ou quase isoladas do Vale do Juruá, o conceito do turismo de base comunitária (TBC), demonstrando que é possível explorar o potencial atrativo da floresta para fortalecer a economia, preservando o ambiente natural.
Por meio do trabalho desenvolvido com as comunidades, 13 municípios passaram a integrar o Mapa Turístico do Acre com suas peculiaridades e características, além de se estabelecer os cinco planos turísticos já consolidados e divulgados, atraindo influenciadores e empresas do trade turístico a divulgar as possibilidades que o estado possui.
Com o projeto desenvolvido com as comunidades, identificou-se a necessidade de inserir os moradores das cidades, e assim surgiu o Qualifica Acre, o maior programa de qualificação técnica criado pela iniciativa pública estadual, que capacitou homens e mulheres de distintas idades em 50 cursos oferecidos gratuitamente, de manicure a mecânico de máquinas pesadas, inserindo ou recolocando no mercado de trabalho mais de 16 mil novos técnicos.
“A oferta veio em um momento oportuno, pois existia mercado de trabalho, mas não havia profissionais qualificados, e agora a comunidade pode ter oportunidade de emprego. Onde conseguiríamos esse tipo de inclusão, com material didático e uniforme de graça?”, questiona Alana Gabriele da Silva, beneficiada com o curso de Técnico em Farmácia.
Já a Expoacre 2022, realizada em Rio Branco e em Cruzeiro do Sul, representou um marco de superação e dedicação. A expectativa era de superar o montante de geração de negócios da última edição, realizada em 2019, antes da pandemia, que era de R$74 milhões.
Em levantamento realizado pelo Sebrae, secretarias e bancos, o número apresentado pela feira neste ano foi superior a R$209 milhões, ou seja, um crescimento de 182% em negócios realizados.
O titular da Seet, Márcio Pereira, avalia o efeito obtido: “Temos um quadro técnico muito qualificado, e toda a equipe se doou por inteiro; agradeço e destaco o papel dos servidores para que pudéssemos alcançar esses resultados”.
Na busca de fortalecer as mulheres que proveem os lares, foi lançado, em parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Ministério da Mulher, o programa Etnoconetadas, que, por meio de indicação de lideranças indígenas locais, deverá atender dez municípios do estado com cursos voltados para o comércio eletrônico. Com valor maior que R$ 1,7 mi, deverá atender mulheres indígenas em suas comunidades, com o desenvolvimento de plataformas online.
“Para nós não existe distinção entre aldeiados e os que se encontram na cidade, somos uma família só e um povo único. Com essa possibilidade que o governo está oferecendo, tenho certeza de que conseguiremos avançar na nossa independência e alcançar novos mercados para dar continuidade à nossa cultura”, disse Yo Manchineri, da região do Rio Iaco.
Após levantamento de todas as ações desenvolvidas com os 22 municípios do estado, a Seet lançou um calendário completo das atividades turísticas e culturais do Acre, resultado do trabalho de integração entre gabinete da Seet, setores de empreendedorismo, turismo e prefeituras.
“O calendário orienta a programação da secretaria e das prefeituras, e facilita a participação de turistas locais e de fora nas comemorações, propiciando o fortalecimento econômico de cada região”, explica o secretário Márcio Pereira.
O artesanato acreano alcançou conquistas emblemáticas, como ocorreu em outubro na Feira Nacional de Artesanato do Ceará (Fenace), em que ficou em segundo lugar de vendas, com R$ 280 mil, gerando aos artesões responsáveis a assinatura de contratos internacionais.
Em novembro, Maqueson Pereira, do Ateliê de Marchetaria, de Cruzeiro do Sul, e o Doutor da Borracha, de Epitaciolândia, foram vencedores do Top 100 de Artesanato, promovido pelo Sebrae. Já em dezembro a empresa Sagrado Barro, de Rio Branco, participou da Feira Rosenbaum, tradicional em São Paulo, e outros artesões expuseram na Feira de Minas Gerais.