Por Tácita Muniz
As ações de contenção da monilíase – doença causada pelo fungo Moniliophthora roreri, que afeta as plantações de cacau e cupuaçu – continuam sendo reforçadas no estado pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf), no intuito de controlar e até erradicar a doença, que não afeta a saúde humana.
As ações se concentram na região do Vale do Juruá, a primeira do país a registrar foco da praga, em julho de 2021. Durante esses três anos de combate em ações integradas com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Idaf comemora os resultados. Um relatório feito pelo órgão aponta que, só no ano passado, as ações desenvolvidas chegaram a mais de 800 propriedades.
Maisa Bravin, engenheira agrônoma e coordenadora das ações de combate e erradicação da monilíase na regional do Idaf no Juruá, informa que durante o ano foram identificadas 91 propriedades com plantas infectadas pela doença, que causa perdas de até 100% na produção do cacau e do cupuaçu.
“Como forma de contenção da doença, foi feita a poda fitossanitária de hospedeiros potencialmente infectados em 851 propriedades, além de terem sido realizadas visitas de monitoramento da doença em 804 propriedades”, relata Maisa, acrescentando que, ainda no ano passado, o Idaf contratou mais dois servidores para dar reforço em campo.
População como aliada
A população tem sido uma grande parceira no processo de combate, ao receber os técnicos e também adquirir consciência do seu papel nesse trabalho. Essa conscientização, só é possível com outra frente de trabalho desempenhada pelo Idaf: a educação sanitária.
“Cursos, palestras e blitzes educativas foram adicionadas às metodologias ativas de aprendizagem do Programa Nacional de Educação Sanitária do Mapa, do qual o Idaf faz parte, na coordenação do grupo da regional Norte”, explica Sandra Teixeira, coordenadora de Educação Sanitária Vegetal do Idaf, detalhando como o trabalho tem sido feito para que os produtores entendam a gravidade da praga e possam atuar de mãos dadas com o poder público.
As ações não se concentraram apenas em campo, mas também em escolas, capacitando professores da rede pública municipal e estadual e fazendo com que esses profissionais e os alunos se tornem multiplicadores dessas informações. “O resultado é a menor incidência de frutos doentes nesta safra e a produção de frutos sadios em árvores que estavam doentes em 2021 e passaram pelo tratamento oferecido pelo Idaf”, acrescenta Sandra.
A situação atual
A última portaria foi divulgada pelo Mapa em 2022 e manteve os municípios de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Rodrigues Alves, Marechal Thaumaturgo e Porto Walter como área sob quarentena para a praga, além de todo o Amazonas.
Ainda está proibido o trânsito de materiais vegetais das espécies do gênero Theobroma e Herrania e outras hospedeiras de Moniliophthora roreri para outros estados do país. A portaria 703 manteve a decisão do primeiro documento, publicado em 2021, que declarava emergência fitossanitária.
“Polpa de cupuaçu só pode sair do estado se for congelada, amêndoas de cacau só se forem classificadas como tipo 1 ou tipo 2 e as mudas só com viveiros certificados, comprovando que são de locais que não têm a presença da doença”, acrescenta a agrônoma Maisa.
A doença
O fungo que causa a monilíase destrói o fruto, dizima as lavouras e é disseminado facilmente pelo homem por meio de roupas, ferramentas e sementes contaminadas; práticas inadequadas de manejo dos frutos; e também por ação do vento, que carrega os esporos secos a quilômetros de distância.
Alguns sintomas que indicam o ataque da doença são a presença de verrugas em frutos novos e uma mancha branca na casca, similar a uma fina camada de algodão.
Uma vez que o cupuaçu faz parte da culinária tradicional do Acre, constituindo um dos cultivos mais populares, responsável por gerar renda a pequenos e médios produtores, a doença tem um impacto significativo na economia do estado.
Fonte agencia.ac.gov.br